quinta-feira, 24 de maio de 2012

Livre arbítrio? De quem?

                       



Fala-se muito nesse estado de suposta liberdade sem que se perceba que ele só existe na filosofia e na teologia.
Nem na psicologia o livre arbítrio conseguiu sobreviver com arrogância: foi reduzido ao nível da responsabilidade sadia (quando considera-se boa a escolha)... ou foi conduzido ao limbo onde foi rebatizado como neurose (quando e’ demais), paranóia (quando não se vincula ao real), pulsão (quando se manifesta) e compulsão ( quando está para alem do controle).
O que é difícil é admitir que somente Deus é livre!
Um ser livre tem que saber disso em tudo o que faz e o tempo todo.
Tem que além de ver de onde vem (o passado), o que esta’ acontecendo hoje (o presente mais que imediato, com suas mais indecifráveis variáveis) e o que seu ato gerara (o futuro e suas conseqüências).
Quem decidir o tempo todo com tamanhas certezas e’ aquele que e’ de fato livre!
Bem, então, eu não sou livre e nem mesmo tenho idéia de quão livre eu não sou!
Pontuo ocorrências nas quais penso que usei de modo certo ou errado a minha “ livre escolha”.
Mas são apenas momentos de encruzilhada.
E as outras coisas?
As pessoas que passaram por nos e não vimos—o motorista do táxi chamou você de volta ao carro, você esqueceu a bolsa. Quem você deixou de encontrar?
Acabaram-se as ferias. E’ hora de voltar para casa. As pessoas que você conheceu seguirão os seus próprios caminhos em lugares diferentes. E se você tivesse ficado mais dois dias com eles, teria casado com o homem que você encontrou assim que retornou das ferias?—com o coração ainda saudoso de quem gostou mais nunca confessou?
E o que dizer...?
Sim! O que dizer de tudo...? de todas as variáveis nas quais o que prevalece não é o seu livre arbítrio, mas sua santa ignorância?
Num mundo caído liberdade é não saber!
Num mundo caído liberdade só e’ vista como tal quando sua proposta vem com a cara de uma tentação. Então, se a escolha for boa, você sai dizendo que usou bem o seu livre arbítrio—mesmo que vinte anos depois você se pergunte: “ onde eu estava com a cabeça quando escolhi aquilo?”
Melhor seria chamar esse tabu de Livre Volição, mas nunca de Livre Arbítrio.
Que arbítrio?
No video tape você verá o que os assistentes na arquibancada viram no re-play: foi falta!—você é que estava numa posição no gramado que deu a impressão a você de não ter sido falta. Você não cometeu uma falta, apenas errou no apito, arbitrou de modo sinceramente errado.
Podem julgar sua decisão, mas não a você. Você é quem julga a si mesmo e bom será se você não se condenar naquilo que aprovar.
Quem não quer correr o risco de errar, fique na arquibancada. Mas cuidado com a escolha do time pelo qual você torce: pode dar muitas tristezas a você!
E assim e’...e assim vai..vai melhor para quem vai com mais fá e menos certeza pessoal...
Obviamente que quem quer que olhe a vida também com misericórdia, vai conseguir discernir melhor qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus!—mas pode ter que aprender isto sendo aos seus próprios olhos um miserável: assim nada podendo esperar que misericórdia. Nesse dia ele passa a saber do que se trata.
Sócrates não criou nem projeções nem sombras.
Plantão, sim!
Um conheceu.
O outro interpretou!
Eu apenas re-conheço...
Sou livre sob a soberania do único que é Livre.
Para mim isto basta.


Caio

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