quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

John Piper – Aos Pregadores da Prosperidade: Advirtam Contra Investimentos Fracos




Esse post é o terceiro de uma série de doze. O conteúdo vem de “Doze Apelos aos Pregadores da Prosperidade”, que pode ser encontrado na nova edição do Let the Nations Be GladRegozijem-se as Nações, publicado pela editoraCultura Cristã*).

Jesus adverte contra o esforço para acumular tesouros na terra; ou seja, Ele nos manda ser donatários, e não proprietários. “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mateus 6:19-20).

Sim, todos nós guardamos alguma coisa. Jesus admite isso. Ele não espera, exceto em casos extremos, que nosso desejo de ofertar signifique que não seremos mais capazes de dar. Haverá um tempo em que daremos nossa vida por alguém, e então não seremos mais capazes de ofertar. Mas ordinariamente, Jesus espera que vivamos de tal forma que haja um padrão contínuo de trabalho, ganho, vida simples e doação contínua.

Mas dada a tendência intrínseca à ganância em todos nós, Jesus sente a necessidade de advertir contra “acumular tesouros na terra”. Isso se assemelha a ganho, mas leva apenas à perda (“traça e ferrugem corroem e ladrões escavam e roubam”). Meu apelo é que a advertência de Jesus encontre um forte eco nas bocas dos pregadores da prosperidade.

Fonte: www.voltemosaoevangelho.com

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

John Piper – Aos Pregadores da Prosperidade: Salvem as Pessoas do Suicídio

Esse post é o segundo de uma série de doze. O conteúdo vem de “Doze Apelos aos Pregadores da Prosperidade”, que pode ser encontrado na nova edição do Let the Nations Be GladRegozijem-se as Nações, publicado pela editora Cultura Cristã*).
O apóstolo Paulo admoestou contra o desejo de ser rico. E por implicação, advertiu contra pregadores que incitam o desejo de ser rico ao invés de ajudar as pessoas a se livrarem disso. Ele alertou: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (1Timóteo 6:9-10). 
Essas são palavras muito sérias, mas não parecem encontrar um eco na pregação do evangelho da prosperidade. Não é errado para o pobre querer medidas de prosperidade para que tenha o que precisa, e possa ser generoso e dedicar tempo e energia a tarefas que exaltem a Cristo em vez de lutar para sobreviver. Não é errado buscar ajuda em Cristo para isso. Ele se importa com nossas necessidades (Mateus 6:33).
Mas todos nós — pobres e ricos — estamos em constante perigo de firmar nosso amor (1João 2:15-16) e nossa esperança (1Timóteo 6:17) nas riquezas ao invés de em Cristo. Esse “desejo de ser rico” é tão forte e tão suicida que Paulo usa a linguagem mais forte para nos alertar. Minha súplica é para que os pregadores da prosperidade façam o mesmo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

John Piper – Aos Pregadores da Prosperidade: Não Tornem o Céu Mais Difícil




Esse post é o primeiro de uma série de doze. O conteúdo vem de “Doze Apelos aos Pregadores da Prosperidade”, que pode ser encontrado na nova edição do “Let the Nations Be GladRegozijem-se as Nações, publicado pela editora Cultura Cristã*).
Jesus disse: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” Seus discípulos ficaram espantados, tão quanto ficariam frente ao “Movimento da Prosperidade”. Então Jesus elevou ainda mais o espanto deles, dizendo: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.” Eles responderam em descrença: “Então, quem pode ser salvo?” Jesus disse, “Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.” (Marcos 10:23-27)
Isso significa que o espanto dos discípulos tinha fundamento. Um camelo não pode passar pelo fundo de uma agulha. Isso não é uma metáfora para algo que requer muito esforço ou humilde sacrifício. Não dá para ser feito. Sabemos disso porque Jesus disse Impossível! Foi a palavra Dele, não a nossa. “Para os homens, é impossível.” O ponto é que a mudança de coração exigida é algo que o homem não pode fazer por si mesmo. Deus precisa fazê-lo — “… contudo, não [é impossível] para Deus.”
Não conseguimos nos fazer parar de valorizar o dinheiro acima de Cristo. Mas Deus pode. Isso são boas novas. E isso deveria ser parte da mensagem que os pregadores da prosperidade anunciam antes que incitem as pessoas a se tornarem mais como um camelo. Por que um pregador iria querer anunciar um evangelho que encoraja o desejo de ser rico, confirmando deste modo as pessoas em seu desajuste ao reino de Deus?
Fonte: www.voltemosaoevangelho.com

O evangelho da prosperidade na África



por Christianity Today
Matéria produzida pela Christianity Today sobre os horrores do evangelho da prosperidade na África.
Fonte: iprodigo.com

Precisamos de uma nova Reforma Protestante?


Por Dom Robinson Cavalcanti, bispo anglicano da Diocese do Recife.
Precisamos da Reforma Protestante hoje, é uma afirmativa que estou fazendo. Não precisamos de uma “nova reforma”, mas de nos apropriarmos, com sinceridade, com determinação, com convicção, com discernimento, com coragem, com atualização, da sua herança, tornando-a não somente autêntica, mas renovada, atual e relevante

Introdução
Falo essa noite a uma plateia de protestantes, e falo como protestante. Falo em um País onde as estatísticas referentes ao número de fiéis de igrejas que pretendem algum vínculo com o Protestantismo não para de crescer, Censo após Censo, quando começamos praticamente de zero, ao nos tornar uma nação independente em 1822. Um dos grandes debates entre sociólogos da religião e estatísticos é quando iremos parar de crescer, ou se iremos parar de crescer. O Protestantismo é um dado relevante não somente no Brasil, mas em toda a América Latina.
Por sua vez, o Congresso Lausanne III, realizado na Cidade do Cabo, África do Sul, em outubro do ano passado, reunindo clérigos e leigos da mais ampla diversidade denominacional, foi uma demonstração evidente de que o Cristianismo é uma religião que, finalmente, se tornou um fenômeno global, mas de que o Protestantismo é, em grande parte, o responsável para que o Evangelho esteja sendo pregado a quase todas as nações. O ímpeto missionário protestante não tem diminuído, mas se diversificado.
Dentro de seis anos, exatamente, em 31 de outubro de 2017, estaremos, em todo o mundo, comemorando os 500 anos da Reforma Protestante do Século XVI. 500 Anos, cinco séculos, meio milênio, é um bocado de tempo. Algumas organizações eclesiásticas e intereclesiásticas internacionais já estão elaborando uma vasta programação, de celebração, de avaliação e de projeção. Essa Semana Teológica Água da Vida, de fato, vive um momento de pioneirismo, como que dando o pontapé inicial. E o fazemos na Baía da Guanabara, onde, ainda no século XVI, aportaram os pioneiros huguenotes, onde foi celebrada a primeira Santa Ceia protestante nas Américas, e onde foi elaborado o primeiro documento doutrinário reformado nesse Novo Mundo, a Confissão de Fé Fluminense.
Tornei-me, pessoalmente, um protestante, por convicção e opção, três anos após a minha conversão, ao professar a minha fé em uma Igreja Luterana, no Culto alusivo à Reforma, como um dos momentos culminantes de uma jornada espiritual, que continua até hoje. Escrevi, certa vez, em um jornal secular de grande circulação, considerar o 31 de outubro de 1517 a data mais importante da Igreja depois do Dia de Pentecostes. E continuo considerando.
Movida por Deus, mas realizada por homens, nas palavras de Martinho Lutero, “simultaneamente justificados e pecadores” (‘simul justus et pecator’) a Reforma foi responsável por grandes feitos e por grandes erros. A nós, hoje, em um constante processo de atualização, nos cabe a honra de reproduzir os grandes feitos, e corrigir e não repetir os grandes erros, nessa Reforma que está permanentemente se reformando, não em seu conteúdo, mas, exatamente, em suas formas, seus métodos, suas abordagens, suas ênfases, suas contextualizações, suas linguagens, suas polêmicas e suas apologéticas.
Repudio, com o máximo de veemência, os que a acham ultrapassada, vencida, uma página da História que está a ter as suas páginas viradas para sempre. Lamento aqueles – inclusive em nosso País – que dela passam a se envergonhar e a negar, quando, muitos desses, um dia vibraram com o seu legado e se orgulharam da sua identidade.
Precisamos da Reforma Protestante hoje, é uma afirmativa que estou fazendo. Não precisamos de uma “nova reforma”, mas de nos apropriarmos, com sinceridade, com determinação, com convicção, com discernimento, com coragem, com atualização, da sua herança, tornando-a não somente autêntica, mas renovada, atual e relevante.
I – Cenário Passado
A Igreja, como Povo da Nova e Eterna Aliança, Novo Israel, novo Povo de Deus de todos os povos e para todos os povos, foi criada no coração do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, como portadora das Boas Novas e sinal, primícia e vanguarda da Nova Humanidade, tendo sua inauguração no Dia de Pentecostes sob o poder do Espírito Santo, e tem estado presente de forma ininterrupta na História por dois mil anos, e assim estará, com Ele presente, até a consumação dos séculos.
Portanto, a História da Igreja não começa no Século XVI, mas no século I. Não começa com as 95 Teses de Lutero, mas com o discurso de Pedro. Não começa em Wittemberg, mas em Jerusalém. E, muito antes do Imperador Constantino, no quarto século, a Igreja já tinha se espalhado por todo o mundo civilizado de então; já tinha definido o Cânon do Novo Testamento e ratificado o Cânon judaico do Antigo Testamento; já tinha definido o conteúdo das doutrinas básicas emanadas dessas Escrituras: a Santíssima Trindade, as duas naturezas, o nascimento virginal, a morte vicária, a ressurreição, a natureza da Igreja, o Retorno do Senhor e o Juízo Final, o Novo Céu e a Nova Terra; já tinha definido os Sacramentos do Batismo e da Eucaristia; já tinha estabelecido ministérios de bispos, presbíteros e diáconos; já tinha estabelecido um padrão do governo e deliberação nos Concílios. E, tudo isso, sob a fórmula “pareceu-nos bem ao Espírito Santo e a nós”.
As bases fundamentais da Igreja nada têm a ver com Constantino, mas foram estabelecidas antes dele, nesse legado pensado, ensinado e transmitido pelos Apóstolos, pelos Pais Apostólicos e pelos Pais da Igreja. E era assim que os Reformadores Protestantes acreditavam. Eles nunca pretenderam criar uma nova igreja, fundar uma nova igreja, mas reformar a Igreja de sempre, Una, Santa, Católica e Apostólica. Eles repudiavam o romanismo, não o catolicismo, a fé universal histórica. Eles não traziam nada de novo senão a reafirmação do antigo e do eterno. Os Reformadores olhavam para o Oriente, onde estavam as Igrejas Bizantinas, as Igrejas Pré-Calcedônias (ou Jacobitas), as Igrejas Assírias (ou Nestorianas) e as Igrejas Uniatas (autônomas, mas vinculadas a Roma), e olhavam para o Ocidente, para a Igreja Romana ou Latina, e lamentavam e repudiavam os seus “erros, desvios e superstições” acumulados ao longo dos séculos, pretendendo questioná-los e expurgá-los, mas, unanimemente as consideravam como“ramos autênticos da única Igreja de Cristo”. E não era outra a sua visão em relação às manifestações proto-reformadas, como os valdenses e os hussitas ou moravianos.
Resgatar hoje a Reforma Protestante é resgatar essa visão dos Reformadores sobre o que acontecera antes deles, e, em decorrência, é repudiar, repito, repudiar, como uma terrível heresia, que nos trouxe danos incomensuráveis, a teoria que afirma uma suposta “apostasia geral da Igreja”, como se o Espírito Santo tivesse se ausentado da terra entre a morte de João e o nascimento de Lutero. Calvino, Lutero, Cranmer – todos eles – jamais pensaram assim, e condenariam quem pensasse assim, mas assumiam o passado e afirmavam a presença ininterrupta do Espírito Santo. Todos eles se referiam aos Concílios e aos Pais da Igreja. As Confissões de Fé da Reforma, por sua vez, reafirmam todos os artigos do Credo dos Apóstolos e do Credo Niceno, ampliando e aprofundando alguns temas, especialmente a autoridade das Sagradas Escrituras, a centralidade do sacrifício de Cristo e a salvação pela Graça mediante a Fé.
Uma questão central é: no que nos distanciamos hoje dos Reformadores?
Em primeiro lugar desse olhar positivo sobre todo o passado, desse assumir todo o passado, desse assumir toda a História, o que nos faz continuar críticos dos “desvios, erros e superstições”, mas que nos deveria fazer, também, respeitosos e abertos a aprender com as antigas Igrejas não-reformadas, e a dizer que, nos quinze séculos anteriores à Reforma, a cada domingo que se celebrava a Ressurreição e se recitava os Credos, ali estava – com todas as suas limitações – a Igreja de Cristo e não a apostasia do anti-cristo. Os embates travados nesse continente com a Igreja Romana, e os longos períodos de perseguição e discriminação, tornou a comunidade protestante mais vulnerável a aderir à heresia da “apostasia geral da Igreja”, e hoje, afirmando as nossas convicções protestantes, repudiamos essa heresia e reafirmamos o pensamento dos nossos antepassados na fé.
Em segundo lugar quando substituímos a autoridade das Sagradas Escrituras pelo racionalismo, de um lado, ou pelas revelações particulares e pelas experiências, do outro lado. Sola Scriptura, é uma Bíblia crida, aberta e exposta, como Palavra de Deus, nada ensinando ou requerendo que seja crido que por ela não se possa provar, quando substituímos a Sola Gratiapela Lei e pelas Obras, nas exigências legalistas e moralistas dos usos e costumes, quando substituímos a Sola Fide como dom de Deus que recebe a Graça, por um “pensamento positivo” que impõe ao céu a sua saúde e a sua prosperidade.
Começamos a Reforma com seis ramos do Cristianismo e a terminamos com uma dúzia apenas, pois o denominacionalismo não havia ainda surgido, e nem o termo “denominação” era sequer conhecido ou usado, porque, nem está na Bíblia, nem está nas Confissões de Fé Reformadas; nem está nos escritos dos Reformadores, porque eles repudiavam como pecados contra o Espírito Santo, tanto as heresias, que atentam contra a verdade, quanto os cismas, que atentam contra a unidade.
A Bíblia foi traduzida para um número cada vez maior de idiomas, escolas, universidades, hospitais foram espaços concretos do amor de Cristo às nações, o analfabetismo foi reduzido, vidas foram transformadas, culturas foram impactadas, o trabalho foi valorizado, a família afirmada, bem como a dignidade de toda a pessoa humana, em um vigoroso empreendimento missionário que, apesar dos seus inúmeros equívocos, teve uma inegável dimensão civilizatória. A Reforma Protestante, em seu conjunto, tornou o mundo melhor.
Expansão missionária que, por meio de missionários estrangeiros e pioneiros nacionais chegou até ao Brasil, sob fortes restrições legais e discriminações sociais, que varou os sertões ao lombo de burro, levando luzes onde havia escuridão da alma, e que nós hoje somente estamos aqui na esteira do seu ministério sacrificial. E, nessa noite, é nosso dever expressar a nossa gratidão e honrar a sua memória.
A Reforma deixou de ser algo longínquo, na Europa, ou na América do Norte, para ser algo vivo e atual no Brasil. Graças a Deus, por isso!
II – Cenário Atual
O avanço protestante foi originalmente obstaculado no Leste e no Sul da Europa, mas se desenvolveu no Centro e no Norte daquele continente, inclusive como religião oficial. Essa vinculação com o Estado não foi benéfica, e, rapidamente, deu lugar a uma imensa maioria de membros nominais e uma minoria de comprometidos, embora tenha tido um papel de plasmar marcas importantes da cultura e das instituições. Posteriormente, o avanço da Teologia Liberal – universalista quanto à salvação – acelerou o esvaziamento dos templos. Hoje, com a ideologia Secularista e a imigração de membros de outras religiões, particularmente do Islã, já se fala de uma Europa pós-cristã, onde, o que é mais grave, o Cristianismo vem sendo discriminado e perseguido pelo Estado e pela Sociedade secularizadas.
Quadro semelhante vai se dando também no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia, e, em menor velocidade, mas não menos evidente, nos Estados Unidos da América. Philip Jenkins, essa sua obra agora clássica, A Próxima Cristandade, nos fala de um deslocamento, mais uma vez, do Cristianismo, do Norte e do Oeste para o Sul e o Leste do globo, notadamente para a África Sub-Saariana, para a América Latina e para algumas áreas da Ásia e da Oceania.
E aí vamos detectar alguns problemas internos enfrentados pelo Protestantismo, nas suas origens, com rebatimentos atuais.
primeiro foi a sua preocupação com a Soteriologia à custa da Eclesiologia, resultando em uma débil doutrina sobre a Igreja, a partir de uma ruptura com o modelo histórico episcopal, e a criação do modelo presbiteriano e do modelo congregacional. A autoridade da Bíblia foi afirmada, mas não se elaborou instituições sólidas, que garantissem a manutenção desse princípio, fortemente atacado de fora pelo Racionalismo e de dentro do Liberalismo.
segundo foi a distorção quanto ao princípio do “livre exame”, entendido originalmente como livre acesso, por uma visão posterior de uma “livre interpretação”, dentro do individualismo burguês decorrente do modo de produção capitalista e da urbanização, resultando em um caos doutrinário interminável.
terceiro, a partir dos Estados Unidos nos últimos dois séculos, foi o surgimento do conceito de “denominação” e o fenômeno sócio-eclesiástico do “denominacionalismo”, com uma fragmentação institucional sem fim, e a eliminação do pecado do cisma.
Adicione-se as controvérsias polarizantes das primeiras décadas do século passado, outra vez tendo como epicentro os Estados Unidos, tais como:Liberalismo vs. FundamentalismoEvangelho Social vs. Evangelho Individual; Evolucionismo vs. Criacionismo, a atitude de apoio, indiferença ou oposição dos protestantes a Hitler e ao Nazismo, ao Racismo do Sul dos Estados Unidos, ao apartheid da África do Sul, a guerra civil de Ruanda, a um ou outro lado da ideologias em choque na chamada “Guerra Fria”, ou às ditaduras do Terceiro Mundo, inclusive da América Latina, além da falta de sensibilidade cultural de empreendimentos missionários, e teremos uma lista de aspectos negativos e danosos.
Os principais movimentos surgidos no interior do Protestantismo na primeira metade do século passado foram, sem dúvida, o Movimento Ecumênico, com uma necessária bandeira da unidade, mas que, depois, se perderia no caminho, sequestrado por uma elite teologicamente liberal; e o Movimento Pentecostal, que se, por um lado, teve um aspecto altamente positivo na atualização e na dinamização protestante, por outro lado foi negativamente marcado pelo sectarismo, pela alienação política e pelo antiintelectualismo. No século XXI o Movimento Pentecostal tem sido igualmente afetado por um doloroso processo de fragmentação, menos por questões doutrinárias do que por conflitos de personalidades e a prática de nepotismo.
Novas correntes, como a Teologia da Batalha Espiritual e a Teologia da Prosperidade apenas concorreram para esgarçar o já débil tecido unificador da comunidade protestante.
O velho Liberalismo Moderno Racionalista tem dado lugar, mais recentemente, ao Liberalismo Pós-Moderno Revisionista, no lugar da verdade pela razão, múltiplas verdades ou nenhuma verdade, o que incluiu um relativismo moral. Em várias tendências do protestantismo atual o passado é atacado e negado em seu valor, inclusive o conteúdo doutrinário, e tanto os racionalistas liberais, quanto conservadores valorizadores das revelações privadas causam imenso dano ao princípio reformado da Sola Scriptura.
Sem dúvida que a expressão mais dinâmica do Protestantismo, nos últimos dois séculos, tem sido o Evangelicalismo, com sua ênfase na Bíblia, na cruz, na conversão, na santificação e nas missões. Mas, como se pode claramente perceber no recente Congresso Lausanne III, na cidade do Cabo, África do Sul, a Igreja está se espalhando rapidamente por todo o mundo, e lideranças nacionais estão sendo treinadas, mas o controle financeiro, político e ideológico dessa corrente majoritária ainda está fortemente nas mãos das organizações sediadas nos espaço euro-ocidental e na cultura anglo-saxã.
Último em citação, mas não em importância, tem sido o avassalador fenômeno do chamado neo-pentecostalismo, também conhecido como iso ou pseudo-pentecostalismo, como seitas para-protestantes, pretendendo fazer parte dessa expressão do Cristianismo, mas sem com ele manter vínculos de qualquer natureza, seja histórico, seja teológico, seja doutrinário, trazendo danos à identidade e à imagem do Protestantismo.
Algo que deve ser ressaltado é que o Protestantismo Brasileiro, pela maior parte da sua história, conseguiu se manter ao largo de alguns fenômenos que atingiam negativamente os seus irmãos de outros continentes, chegando inclusive a ensaiar um nativismo e uma inculturação, uma caminhada autóctone, que hoje são apenas “gratas memórias”, porque também fomos atingidos pela fragmentação institucional e doutrinária, pela importação acrítica de ideias e métodos oriundos do centro do poder mundial, pela desvalorização e desconhecimento do passado ou das expressões não euro-ocidentais do Cristianismo, pela falta de ética e pelo coronelismo do poder pessoal de “donos” de igrejas e denominações, com seus caudilhos e sua fogueira de vaidade..
Uma das principais fontes de enfraquecimento da teologia reformada no protestantismo brasileiro se deu na área do louvor, do cântico, porque a Igreja crê no que ela canta, e canta o que ela crê. Devemos apoiar a composição de novos hinos, especialmente com ritmos nacionais, mas, ao abandonarmos os velhos hinários, abandonamos a riqueza e a profundidade da teologia reformada neles contida. A Igreja deixou de cantar a teologia reformada, para ir deixando a própria teologia. O que se canta hoje são genéricas odes à Divindade e a Paz Interior, que pode ser adotada por qualquer monoteísta, e quase nunca tem algo especificamente protestante ou evangélico.
Enfim, o Protestantismo no Brasil é uma força dinâmica, ainda em crescimento quantitativo, mas com sérios problemas originais ou importados, pela superficialidade, pela ausência de um projeto histórico, o que faz com que, apesar do aumento de igrejas e de membros, e de vidas individuais beneficiadas, pouco ou quase nada tem representado em impacto sócio-político-econômico-cultural e na redução dos problemas nacionais, seja a desigualdade social, seja a desonestidade política, seja a violência social.
Tida como uma “igreja adolescente”, ou como “um gigante de pés de barro”, temos o que celebrar; temos potenciais, mas temos muito com o que nos preocupar e, mantido o quadro atual, fica cada vez mais difícil se ser otimista quanto ao futuro. Temos um Protestantismo Brasileiro ou temos“protestantismos brasileiros”? Ou somos apenas um conjunto de indivíduos morenos que professam uma religião estrangeira ou estrangeirizante, incapaz de se enraizar e de amar e santificar a brasilidade, de pensar como nacionais? Por outro lado, uma pergunta que não cessa de nos inquietar: E o que resta do legado da Reforma entre nós?
III – Cenário Futuro
O cenário que se desenhava na primeira metade do século passado, com um número limitado de denominações históricas, de imigração ou de missão, e de denominações pentecostais sérias e éticas, aglutinadas em torno da Confederação Evangélica (1934-1964), em clima de respeito mútuo, e de mais convergências do que divergências, com todos se considerando parte de uma mesma comunidade, portadora de uma mesma herança, partilhando dos mesmos ideais, lamentavelmente se foi, e não parece possível de ser retornado, ao menos em um horizonte previsível.
O cenário que se desenhava por mais de um século, ainda presente na segunda metade do século passado, de um Protestantismo que tinha o Evangelicalismo como corrente hegemônica, em algo que parecia sólido e disseminado, está se esvaindo muito rapidamente nas últimas décadas, minado pelo Fundamentalismo, pelo Liberalismo e pelo Pseudo-Pentecostalismo. Ironicamente, quanto mais “evangélicos” o IBGE atesta em cada Censo, menos evangélicos esses “evangélicos” são…
O cenário que gerou o nacionalismo da Igreja Presbiteriana Independente ou do “Movimento Radical Batista”, os setores e departamentos da Confederação Evangélica, a participação brasileira no Congresso do Panamá (1916), nas CELAs e nos CLADEs, e a inquietação de jovens e de intelectuais na construção de um Evangelicalismo Latino, seja na Aliança Bíblica Universitária (ABU), seja na VINDE, seja na Fraternidade Teológica Latinoamericana (FTL), seja nos Congressos Brasileiros e Nordestinos de Evangelização, hoje pouco mais é do que memoráveis páginas da nossa História, talvez peças de um museu de sonhos, afogados todos na importação de textos, pensadores, preletores e métodos dos centros do poder mundial, reestrangeirizados, com as “fábricas” substituídas por lojas de brinquedos não “Made in China”, mas “Made in USA” ou “Made in UK”
Em uma época em que a globalização é apenas um sofisma para o neocolonialismo, somos, provavelmente, os mais colonizados de todos os brasileiros.
A Bíblia, cada vez mais vendida, em um sem número de traduções e de comentários domesticadores para todos os gostos, é cada vez menos lida e menos conhecida.
A História Geral e Nacional da Igreja é algo sobre o que não se tem interesse ou se tem um escasso conhecimento. E como teremos futuro, se não temos passado? E como iremos atualizar o que desconhecemos: a vida e a obra dos Reformadores, as Confissões de Fé, a Teologia, os Movimentos, enfim, o conteúdo mesmo da Reforma!
Antigamente, ou tínhamos membros comprometidos ou os chamados“desviados”. Hoje há o “crente de IBGE”, o “descendente de crente”, o“crente nominal”, o “membro de frequência ocasional”“de vez em quando”,“quando me der na telha”“bissextos”, os “buscadores de bênçãos”, os eternos migrantes denominacionais, no modelo “religião self-service”, onde se põe de tudo no prato, que se projeta em novas manifestações institucionais, como Assembleianos Calvinistas da Teologia da Prosperidade ou Batistas Renovados do Sétimo Dia, com as nomenclaturas as mais exóticas e as mais patológicas…
Se o poeta já dizia que “navegar é preciso”, não teríamos imagem bíblica mais adequada para o protestantismo brasileiro do que a Arca de Noé, na diversidade e algazarra dos bichos de todos os matizes.
Uma nota de tristeza e de lamento se dirige a uma expressiva fatia da nossa liderança, que foi evangélica no passado, mas que hoje, influenciada por outras correntes, abjura do seu passado, ridiculariza suas antigas convicções e confunde as novas gerações, na sua busca necessária de modelos e de heróis. A dubiedade de tantos diante de temas como o aborto e a agenda gay evidenciam que o Evangelicalismo brasileiro é menos sólido do que pensávamos ou desejávamos que fosse.
Para um futuro próximo não vislumbro grandes e radicais mudanças no presente quadro. Continuaremos a crescer quantitativamente, teremos uma mobilidade social com a nossa expressiva presença na chamada “nova classe média”, moralmente mais conservadora, e que os políticos já estão descobrindo, mesmo fragmentados e divergentes; vamos sendo empurrados pela História como atores sociais significativos, e não teremos uma face, mas várias faces, podendo a nascente Aliança Evangélica aglutinar setores éticos em torno da Teologia da Missão Integral da Igreja e de um Evangelicalismo teologicamente conservador e sócio-economicamente progressista. A criação de um bloco mais maduro passa pela consolidação de algo que já vem se dando há algum tempo: a aproximação entre os históricos que admitem a contemporaneidade dos dons espirituais e admiram o dinamismo dos pentecostais, e os pentecostais que valorizam o legado e o pensamento teológico dos históricos.
Na profusão de denominações, subdenominações, ministérios, jurisdições, comunidades, missões, há o desafio da convivência respeitosa, da busca de um mínimo de ética como testemunho e, com maior esforço, o estabelecimento de pontes de diálogos e de ações conjuntas, onde tanto a Aliança Evangélica, a Sociedade Bíblica e as Ordens e Conselhos de Pastores poderiam jogar um importante papel.
A busca de um diploma reconhecido pelo MEC, antes que o preparo de obreiros tende a fortalecer os cursos de Ciência da Religião à custa dos Cursos de Teologia e da própria produção teológica e da prática pastoral.
A reorganização da Igreja Romana em torno de um núcleo de seguidores mais comprometidos, o espaço dos cultos afro-ameríndios nas academias e na mídia, a indiferença religiosa das elites e o secularismo do Estado são desafios muito fortes, e que, muito provavelmente, forçarão um despertar, ao menos por espírito de sobrevivência.
Não precisamos de uma Nova Reforma, nem de novos Reformadores, mas de uma redescoberta no século XXI das mesmas verdades que foram redescobertas no século XVI, e de líderes que tenham a coragem de reafirmá-las dentro do novo contexto. Como já tenho dito, o futuro está no passado que permite construir o presente.
Creio, firmemente, que o Evangelicalismo representa o somatório de toda a herança reformada e é a sua melhor manifestação. Na diversidade de teologias no mercado, nos cabe lutar pela hegemonia do Evangelicalismo, como princípio e como núcleo condutor de uma reformação das igrejas descendentes da Reforma.
Humanamente, o quadro poderia nos levar a cair no pessimismo, já que o otimismo seria irrealista e inconsequente. Mas, a nossa crença na Providência Divina, no Senhorio de Deus sobre a História, e, em particular, sobre a Sua Igreja, nos permite um realismo otimista, passos de fé, que, em muitos momentos, são “saltos no escuro”, mas, assistidos pelo Espírito Santo, nutridos pela Palavra e pelos Sacramentos, nos resta, em obediência, avançar, certos de que Ele faz nova todas as coisas, pois, o nosso Deus é um Castelo Forte, e, em se tratando da Igreja de Jesus Cristo, “Ninguém detém. É obra santa!”.
Niterói (RJ), 28 de maio de 2011,
Anno Domini.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

John Piper – O que lhe faz feliz?

John Piper – O que lhe faz feliz

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Por: John Piper. Websitedesiringgod.org
Tradução: tiagotrinidad

John Piper – Jesus satisfaz toda sua sede


Por: John Piper. Websitedesiringgod.org
Tradução: iPródigo
  Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2011/02/john-piper-o-que-lhe-faz-feliz/

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Bíblia é livro para criança!


Ariovaldo Ramos


"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar... Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz... E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura... E disse (Jesus): Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus." Gn 3.15; Is 9.6; Lc 2.12; Mt 18.3

Criança! Está no centro da Bíblia!

No jardim, a Trindade nos prometeu a Criança!

O antigo testamento conta com o Deus formou e conduziu um povo para que a Criança, nascendo de mulher, pelo poder do Altíssimo, fosse trazida para a história, a fim de abençoar a humanidade.

O novo testamento conta como a Trindade formou e conduz o povo que leva a Criança, a toda a humanidade, para abençoar a nossa história, para que a nossa história  termine em salvação.

E a Criança, que cresceu em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens, portanto, sem perder a "criancitude", disse que quem quiser viver sob o reinado dos céus tem de se tornar criança.

Criança é a fase do ser humano onde o Pai é tudo, sabe de tudo, e pode tudo!

Criança confia no Pai, e não tem medo da vida, porque o Pai pode tudo!

Criança usa a sabedoria do Pai, e não tem medo do desconhecido, porque o Pai sabe tudo, de tudo!

Criança usa o discernimento do Pai, e sempre sabe o que é certo e o que é errado, porque o Pai discerne tudo!

Criança desfruta do sustento do Pai, e não tem medo do infortúnio, porque o Pai tem tudo.

Criança ama o Pai com tudo e acima de tudo!

Criança obedece o Pai em tudo!

Criança depende do Pai em tudo e para tudo!

Criança descansa no Pai!

Criança, nos braços do Pai, está salva!

Criança, nos braços do Pai, é segura!

Criança, nos braços do Pai, se gosta, porque se sente amada!

Criança, nos braços do Pai, é feliz!

O Deus Filho se fez criança para que todo o ser humano criança se deixe fazer.

O FIlho se fez criança para nos mostrar o Pai! O Pai que é tudo e, tudo, a nós, em nós, e, para nós, quer, e graças ao Filho, o pode ser.

A Igreja é a parte da humanidade que, por meio do Filho, foi adotada pelo Pai, e habitada pelo Espírito; recuperando, assim, a "criancitude".

A Igreja é a parte da humanidade que sabe, que ser adulto é ser criança que cresceu em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens.

A Igreja proclama: O Pai nos mandou o Filho, o Filho nos leva de novo ao Pai e o Espírito nos faz nascer de novo, e faz, de nós, filhos, nos faz crianças de novo, crianças como todo ser humano deveria ser.

A Igreja convida: vem ser criança com a gente!

A Bíblia é o livro, cujo centro é a Criança! A Bíblia é o livro da Criança, para que crianças voltemos a ser... E para sempre. A Bíblia é livro para criança!




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O QUE É CONVERSÃO?




CONVERSÃO é não ter absolutamente nenhum outro ponto de vista que não venha do Evangelho.

CONVERSÃO é não ter nenhum outro ponto de partida que não parta do Evangelho.

CONVERSÃO é não ter nenhum outro chão para caminhar que não seja o do Evangelho.

CONVERSÃO é não almejar nenhum outro ponto de chegada que não seja o do Evangelho.

OU SEJA! CONVERSÃO é estar impregnado do Evangelho, dando razão a Deus todo dia, em um processo que pode ter começado um dia, mas que só terminará no Dia em que transformados de glória em glória nós nos tornarmos conforme a semelhança de Jesus.

CONVERSÃO é renovar a mente todo dia.

CONVERSÃO é discernir este século e não nos conformarmos com ele.

CONVERSÃO é ver o mundo no mundo, e ver “mundo” também no que se chama de “igreja”.

CONVERSÃO é chamar de mundo não necessariamente o ambiente fora das paredes eclesiásticas, e nem tampouco chamar de “Igreja” o ambiente dentro das paredes eclesiásticas.

CONVERSÃO é saber que mundo é um espírito, um pensamento, ou uma atitude que pode estar em qualquer lugar, e está freqüentemente nos concílios de um modo muito mais sofisticado do que está nos congressos políticos explicitamente definidores de política no mundo.

CONVERSÃO é manter a mente num estado de arrependimento constante, de metanóia, de mudança de mente, que por vezes acontece com dor e outras vezes só pela consciência que vai abraçando o entendimento e vai dando razão a Deus, e vai dando razão a Deus, e vai dando razão a Deus, e vai dizendo Deus tem razão. Sim! Conversão é crer que a Palavra tem razão sempre; e se ela tem razão eu quero conformar a minha vida conforme a verdade do Evangelho.

Caio Fábio

(Editado por Carlos Bregantim, retirado da entrevista concedida à ECOTEV em Fevereiro à de 2007 em São Paulo).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Muito Mais que Um Pregador



John MacArthur


Quais são as responsabilidades do pastor, além de pregar e estudar?


A resposta para a sua pergunta está no título que você usou: pastor. Este título é cheio de significado e estabelece as principais responsabilidades de um ministro.

Uma das metáforas favoritas de Jesus para a liderança espiritual, uma que Ele utilizava freqüentemente para descrever a si mesmo, era a de pastor – uma pessoa que supervisiona o rebanho de Deus. Um pastor guia, alimenta, cria, conforta, corrige, e protege – responsabilidades que caem sobre todo líder de igreja. Na verdade, a palavra pastor quer dizer pastor de ovelhas.

"Como ovelhas perdidas, pessoas perdidas precisam de um resgatador – um pastor - para conduzi-las à segurança do aprisco."
Pedro escreveu estas palavras a presbíteros que deveriam estar familiarizados com ovelhas e pastoreio:
"Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, (...) pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.” (1 Pedro 5:1-4)

Para oferecer-lhe um quadro mais completo do seu papel como pastor, aqui vai um panorama sobre a natureza das ovelhas, a tarefa dos pastores, e como eles se comparam ao papel do pastor na igreja. Note os princípios de liderança eclesiástica que eles contêm. Eles determinam o que deveria preencher a sua agenda como pastor.


Pastores São Resgatadores
Uma ovelha pode estar completamente perdida a apenas alguns quilômetros de sua casa. Sem senso de direção e sem instinto para achar o aprisco, uma ovelha perdida normalmente ficará vagando de um lado para outro em um estado de confusão, desassossego, e até mesmo de pânico. Ela precisa de um pastor para trazê-la para casa.

E assim quando Jesus viu as multidões, perdidas, espiritualmente desorientadas e confusas, Ele as comparou a ovelhas sem pastor (Mateus 9:36). O profeta Isaías descreveu as pessoas perdidas como aquelas que, tal qual a ovelha, andam desgarradas - cada uma se desviando pelo caminho (Isaías 53:6).

Como ovelhas perdidas, pessoas perdidas precisam de um resgatador – um pastor - para conduzi-las à segurança do aprisco. Um pastor faz isso conduzindo os perdidos para Jesus, o Bom Pastor que dá Sua vida pelas ovelhas (João 10:11).


Pastores São Alimentadores
Ovelhas passam a maior parte das suas vidas comendo e bebendo, mas elas atentam para a sua dieta. Eles não sabem a diferença entre plantas venenosas e não-venenosas. Por isso o pastor tem que vigiar a dieta delas cuidadosamente e tem que proporcionar-lhes pasto rico em nutrientes.

Em Seu encontro com Pedro, descrito em João 21, Jesus apontou-lhe a importância de alimentar as ovelhas. Duas vezes em Sua ordem para Pedro, Jesus usou o termo grego bosko que significa "eu alimento" (vv. 15, 17).

"O recurso mais importante de liderança espiritual é o poder de uma vida exemplar."

O objetivo do pastor não é agradar a ovelha, mas alimentá-la. Não é coçar-lhe os ouvidos, mas nutrir-lhe a alma. Ele não deve oferecer meros lanches rápidos de leite espiritual, mas a carne substanciosa da verdade bíblica. Aqueles que não alimentam o rebanho são inadequados para serem pastores (cf. Jeremias 23:1-4; Ezequiel 34:2-10).


Pastores São Líderes

Pedro desafiou seus companheiros presbíteros a "apascentar o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele" (1 Pedro 5:2 - ARC). Deus confiou-lhes a autoridade e a responsabilidade de conduzir o rebanho. Os pastores são responsáveis pela forma como lideram, e o rebanho pela forma como segue (Hebreus 13:17).

Além do ensino, o pastor exerce liderança do rebanho pelo seu exemplo de vida. Ser um pastor exige viver entre as ovelhas. Não é tanto uma liderança vinda de cima, mas uma liderança vinda de dentro. Um pastor eficiente não reúne suas ovelhas vindo por trás delas, mas conduz o rebanho indo à frente. Elas o vêem e imitam suas ações.

O recurso mais importante de liderança espiritual é o poder de uma vida exemplar. 1 Timóteo 4:16 instrui um líder de igreja: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes."


Pastores São Protetores
Ovelhas são quase completamente indefesas - elas não conseguem chutar, arranhar, morder, saltar, ou correr. Quando atacadas por um predador, elas amontoam-se em vez de sair correndo. Isso as transforma em presas fáceis. Ovelhas precisam de um pastor que as proteja para que possam sobreviver.

Cristãos precisam de proteção semelhante contra o erro e contra aqueles que o disseminam. Os pastores impedem suas ovelhas espirituais de se desviarem, defendem-nas contra os lobos selvagens que de outra forma as destruiriam. Paulo preveniu os pastores de Éfeso a ficarem alertas e protegerem as igrejas sob o cuidado deles:

"Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles." (Atos 20:28-30).


Pastores São Confortadores

Ovelhas não possuem um instinto de auto-preservação. Elas são tão humildes e mansas que se você as maltratar, elas são facilmente esmagadas em espírito e podem simplesmente render-se e morrer. O pastor tem que saber os temperamentos individuais das suas ovelhas e tomar cuidado para não infligir tensão excessiva. Conseqüentemente, um pastor fiel ajusta seu conselho à necessidade da pessoa a quem ele está auxiliando. Ele deve “admoestar os insubmissos, consolar os desanimados, amparar os fracos e ser longânimo para com todos.” (1 Tessalonicenses 5:14).


O Bom Pastor e os seus "Subpastores"
Jesus é o exemplo perfeito de um pastor amoroso. Ele engloba tudo o que um líder espiritual deveria ser. Pedro O chamou de "Supremo Pastor" (1 Pedro 5:4). Ele é nosso grande Resgatador, Líder, Guardião, Protetor, e Confortador.
"Líderes de igreja são "subpastores" que guardam o rebanho sob os olhos atentos do Supremo Pastor."

Líderes de igreja são "subpastores" que guardam o rebanho sob os olhos atentos do Supremo Pastor (Atos 20:28). Eles têm uma responsabilidade de tempo integral porque eles ministram para pessoas que, como ovelhas, freqüentemente são vulneráveis, indefesas, sem discernimento, e propensas a desviar-se.

Pastorear o rebanho de Deus é uma tarefa gigantesca, mas para pastores fiéis traz a rica recompensa da coroa imarcescível de glória que será concedida pelo Supremo Pastor quando Ele se manifestar (1 Pedro 5:4).

Se o seu pastor estiver levando a cabo os deveres requeridos no título do cargo que ocupa fielmente, lembre-se de seguir esta advertência da Bíblia:

"Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros." (Hebreus 13:17)

No Salmo 23 observamos a importância do Pastor para ovelha, é o Pastor quem checa onde sua ovelha tem se alimentado, se ela tem sido influenciada, se existe vestígios de larvas nos ouvidos de suas ovelhas...e se tivesse era necessário jogar azeite para que aquilo fosse expelido.


***

Mas hoje é difícil encontrar Pastores com tanto zelo por suas ovelhas, somente aqueles que desenvolveram o caráter de Cristo em suas vidas que ainda conseguem ter essa preocupação com o seu rebanho, o cuidado pelas ovelhas tem se perdido no mundo de hoje, ficando evidente a falta desse caráter, falta de amadurecimento e interesses próprios. (Nota Mulheres Com Propósitos)
Para os fluentes em inglês, recomendo o site deste grande pregador e teólogo. Pregações em audio, vídeo, livros, artigos e o famoso PODCAST GRACE TO YOU. Pastor John MacArthur é TOP 5!


1 N. do Trad.: Em inglês ocorrem duas palavras: pastor é usada para o ministro do evangelho e shepherd para o pastor de ovelhas.
2 N. do Trad.: No original, na tradução citada por MacArthur, “exercising oversight” (exercendo supervisão).
Fonte: Extraído de Pulpit Magazine / Bom Caminho
Tradução: Juliano Heyse


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Os Meios da Graça (Oração) – Reinicie sua Vida de Oração

Joe Thorn – Reinicie sua vida de oração

Há pouco tempo, confessei a um amigo que frequentemente me sentia mais como um deísta que cristão. Ele sabia exatamente o que eu queria dizer. Eu estava tendo problemas com oração.
Um deísta não crê que Deus está envolvido ativamente no mundo, mas que criou o universo para funcionar sozinho e foi embora. Em outras palavras, Deus não se envolve com nosso mundo ou nossas vidas. Ele é essencialmente ausente. Em um mundo assim, a oração seria algo sem sentido, pois Deus não escutaria, muito menos interviria em nosso favor. Em contraste, o cristão crê que Deus é um Deus de providência; que ele ativamente governa todos os assuntos do mundo e está intimamente envolvido mesmo em detalhes de nossas vidas. A grama que cresce, a morte de pássaros, a prosperidade de um, e a pobreza de outro, quando e onde viveremos, e  o dia de nossa morte são assuntos que Deus está cuidadosamente supervisionando. Uma vez que Deus está ligado ao nosso mundo e às nossas vidas, simplesmente faz sentido que desejemos apelar a ele em oração.
Oração é o derramar de modo sincero, consciente e afetuoso o coração ou alma diante de Deus, por meio de Cristo, no poder e ajuda do Espírito Santo, por aquelas coisas que Deus tem prometido ou de acordo com a Palavra, pelo bem da igreja, com submissão, em fé, à vontade de Deus. (John Bunyan)
De fato, Deus nos convida a termos comunhão com ele; falar com ele sobre nossos desejos e experiências – nossas necessidades e feridas. Ele nos chama a chamá-lo e ele responde. Deus age. E, ainda assim, a oração é muito frequentemente um dom maravilhoso que deixo passar despercebido. Então, quando digo que me sinto mais deísta que cristão, estou confessando que minha vida de oração é normalmente muito pequena, e nem sempre reflete a crença no Deus que está lá, que se importa e se envolve. Assim, enquanto passava muito tempo trabalhando minha prática de oração, cheguei a algumas conclusões.
Eu estava orando muito pouco.
Eu estava orando com pouca paixão.
Eu estava orando com muito pouco otimismo (essa é uma maneira legal de dizer que eu estava orando com pouca fé).
Assim, enquanto estive pensando sobre as implicações de minha teologia sobre oração, e procurando entendimento de como uma vida saudável de oração se pareceria, também comecei a criar um plano para reiniciar tudo. O objetivo, para simplificar, é desenvolver uma atitude e um espírito de oração mais constantes a cada dia. Aqui está como recomecei minha vida de oração. Pode ser útil para alguns de vocês por aí.
1. Defina oração corretamente.
Sim, a oração pode ser entendida simplesmente como conversar com Deus. Mas, o que muitos precisam é de uma perspectiva teológica robusta sobre a oração. Um dos meus tratamentos favoritos no assunto é a famosa definição de John Bunyan. Seu conceito de oração é claro e útil.
Oração é o derramar de modo sincero, consciente e afetuoso o coração ou alma diante de Deus, por meio de Cristo, no poder e ajuda do Espírito Santo, por aquelas coisas que Deus tem prometido ou de acordo com a Palavra, pelo bem da igreja, com submissão, em fé, à vontade de Deus.
Esta definição bíblica de oração merece uma considerável meditação. Melhor ainda – leia Bunyan neste assunto. Por que isto é importante? Quanto melhor você entender o que oração é, melhor se tornará sua vida de oração. Por exemplo, para a oração ser legítima, Bunyan diz que deve ser afetuosa. Isso caracteriza sua conversa com Deus, ou é ela seria mais uma recitação, uma leitura fria de uma lista de compras com suas necessidades? Não realizarei uma exegese dessa definição agora, mas dedique tempo pensando nas implicações. Você pede por coisas que Deus prometeu, de acordo com a Palavra? Você ora submetendo-se a si mesmo à sabedoria e caminhos de Deus? Você ora em fé – crendo? Definir claramente o que oração é nos ajuda a guiar e avaliar nossas orações.
2. Agende-se para um tempo maior de oração.
Orações casuais e espontâneas são algo bom, mas orações planejadas e formais também são. Separe um tempo do dia para estar a sós com Deus. No início da manhã, no fim da noite, na pausa do almoço – o que for. Dedique um tempo para acalmar-se e entrar em um período de comunhão real com Deus. Eu sei que alguns entendem que agendar orações parece algo artificial, mas esse tipo de pensamento também despreza um encontro marcado com um cônjuge. Marcar uma saída com sua esposa significa falta de intimidade? Espero que não. A verdade é que, sem ter um horário marcado, será bem mais difícil ter um tempo maior de oração.
3. Aprenda um método de oração
Reservar um tempo a mais com Deus é complicado para muitos, e sem um método para guiar, esses períodos são frequentemente roubados por assuntos urgentes, ansiosos para tomar nossa atenção. Mesmo voltar ao momento de oração pode ser difícil. Aqui está o modelo que sigo:
Salmo (um salmo diferente cada vez que oro): É útil pois atrai meu foco para o caráter e a obra de Deus, prepara minha mente e meu coração em uma direção em que posso funcionar bem durante o período.
Adoração: Adorar a Deus por quem ele é, o que ele tem feito. É focar sua glória. Os salmos são particularmente úteis aqui, e esse aspecto da oração depende bastante de termos uma teologia bem desenvolvida.
Confissão: Dedicar tempo considerando, confessando e crucificando o pecado.
Gratidão: Agradecer a Deus por sua provisão, cuidado, promessas, etc.
Súplica: Nossos pedidos a Deus por necessidades nossas e de outros.
4. Crie lembretes para incentivá-lo durante o dia
Lembretes são incentivos ou suportes que nos levam a orar durante o dia. Isso não é simplesmente adicionar outro ritual, mas chamar a si mesmo de volta a um padrão de mente em que você reconhece que Deus está presente com você, e que você está sempre dependente dele. Seja criativo e use a tecnologia como lembrete. Cole bilhetes no vidro do seu espelho, post-its na sua agenda, deixe uma mensagem de voz no trabalho, envie um e-mail para si mesmo, consiga que amigos prometam te ligar aleatoriamente para lembrar-lhe de orar, etc.
5. Aprimore-se na oração curta
A oração curta é um interação breve, espontânea e informal que você tem com Deus. Pode ser louvor, pedido ou confissão. Eu digo que a oração curta deve ser “aprimorada” porque ela não pode ser simplesmente a oração de um preguiçoso, em que Deus é tratado com menos interesse que a moça do drive-trhu. Para aprimorar-se na oração curta, não devemos apenas ter em mente a definição correta de oração (é claro que ainda se aplica aqui!), também temos de nos exercitar em “praticar a presença” de Deus. A não ser que aprendamos a caminhar todos os dias com a consciência de que Deus está conosco e de que somos dependentes deles, nunca dominaremos a arte da oração curta.
Por Joe Thorn. Copyright © JOE THORN. joethorn.net
Traduzido por Josaías Jr | iPródigo | Original aqui
Fonte: Voltemos ao Evangelho: http://migre.me/7Vp33

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Evangélicos sem espetáculo

Por Nicholas D. Kristof, The New York Times – O Estado de S.Paulo
Nesta época de polarizações, poucas palavras provocam tanta aversão nos ambientes liberais quanto “cristão evangélico”.
Em parte, isto se explica porque, nos últimos 25 anos, os evangélicos foram associados a personagens rabugentos e fanfarrões. Quando os reverendos Jerry Falwell e Pat Robertson debateram na televisão se os ataques de 11 de Setembro foram uma punição de Deus contra as feministas, os gays e os secularistas, Deus deveria tê-los processado por difamação.
Anteriormente, Falwell defendera que a aids é “o julgamento de Deus sobre a promiscuidade”. Esta presunção religiosa permitiu que o vírus da aids se espalhasse, constituindo uma imoralidade maior do que tudo o que poderia acontecer nas saunas gays.
Em parte, por causa desta postura bem-pensante, todo o movimento evangélico frequentemente foi condenado pelos progressistas como reacionário, míope, irracional e até mesmo imoral.
Entretanto, esse menosprezo casual é profundamente injusto, se considerarmos o movimento como um todo. Ele reflete um tipo de intolerância às avessas, às vezes um fanatismo às avessas, dirigido contra dezenas de milhões de pessoas que na realidade se envolveram cada vez mais na luta contra a pobreza e na defesa da justiça global.
Essa linha compassiva da corrente evangélica foi dotada de bases extremamente sólidas pelo reverendo John Stott, um moderado estudioso inglês que influiu de maneira muito mais importante no cristianismo do que astros da mídia como Robertson ou Falwell. Stott, que morreu há alguns dias aos 90 anos, foi incluído na lista das cem pessoas mais influentes do globo da revista Time. Em termos de estatura, às vezes foi considerado o equivalente do papa entre os evangélicos de todo o mundo.
Stott não pregou acenando com a ameaça das penas do inferno numa rede cristã de televisão. Ele foi um humilde estudioso cujos 50 livros aconselham os cristãos a emular a vida de Jesus – principalmente sua preocupação com os pobres e os oprimidos – e a se opor a mazelas sociais como a opressão racial e a poluição ambiental.
“Os bons samaritanos sempre serão necessários para socorrer os que foram assaltados e roubados; entretanto, seria melhor acabar com os bandoleiros na estrada de Jerusalém a Jericó”, escreveu Stott em seu livro A Cruz de Cristo. “Por isso, a filantropia cristã em termos de alívio e ajuda é necessária, mas muito melhor seria um aprimoramento a longo prazo, e nós não podemos fugir da nossa responsabilidade política e da necessidade de participar da transformação das estruturas que inibem este aprimoramento. Os cristãos não podem olhar com tranquilidade as injustiças que arruínam o mundo de Deus e degradam suas criaturas”.
Stott deu exemplos das injustiças contra as quais os cristãos precisam lutar: “os traumas da pobreza e do desemprego”, “a opressão das mulheres”, e na educação, “a negação de iguais oportunidades a todos”.
Para muitos evangélicos que sempre se retraíam quando um “televangélico” ganhava as manchetes, Stott era um guru intelectual e uma inspiração. Richard Cizik, presidente da Nova Igreja Evangélica Parceria para o Bem Comum, que trabalhou heroicamente para combater desde o genocídio até a mudança climática, me disse: “Contra a charlatanice e a irracionalidade no nosso movimento, Stott permitiu afirmar que você é “evangélico” e não deve se arrepender”.
O reverendo Jim Wallis, diretor de uma organização cristã chamada Sojourners (Os visitantes), que trabalha em prol da justiça social, acrescentou: “John Stott foi o primeiro líder evangélico importante que defendeu o nosso trabalho na Sojourners”. Stott, que foi um aluno brilhante em Cambridge, também ressaltou que a fé e o intelecto não precisam ser conflitantes.
Há muitos séculos, o estudo profundo da religião era extraordinariamente exigente e rigoroso; por outro lado, qualquer um podia declarar-se cientista e passar a exercer a alquimia, por exemplo. Hoje, é o contrário. Um título de doutor em química exige uma formação rigorosa, enquanto um pregador pode explicar a Bíblia pela televisão sem dominar o hebraico ou o grego – ou mesmo sem mostrar interesse pelas nuances dos textos originais.
Os que se denominam líderes evangélicos revelam-se hipócritas, transformando Jesus em lucro em lugar de emulá-lo. Alguns parecem inclusive homofóbicos, e muitos que se declaram “a favor da vida” parecem pouco preocupados com a vida humana depois que ela sai do útero. São os pregadores que aparecem nas manchetes e são menosprezados.
Escrevendo sobre a pobreza, as doenças e a opressão, encontrei outros ainda. Os evangélicos estão desproporcionalmente dispostos a doar o dízimo do que ganham a obras de caridade, em geral ligadas à igreja. O mais importante é que se procuramos nas linhas de frente, nos EUA ou no exterior, nas batalhas contra a fome, a malária, as violações nas prisões, a fístula obstétrica, o tráfico de pessoas ou o genocídio, alguns dos mais corajosos que encontramos são cristãos evangélicos (ou católicos conservadores, que a eles se assemelham de muitas maneiras) que vivem verdadeiramente a sua fé.
Não sou particularmente religioso, mas reverencio os que vi arriscando sua vida dessa maneira – e me enoja ver esta fé ridicularizada em coquetéis em Nova York.
Por que tudo isto é importante?
Porque tanto as pessoas religiosas quanto as seculares fazem um trabalho fantástico em questões humanitárias – mas elas frequentemente não trabalham juntas em razão das suspeitas mútuas. Se pudermos superar este “abismo divino”, poderemos progredir muito mais no combate às mazelas do mundo.
E esta seria, realmente, uma dádiva divina.
[Tradução de Anna Capovilla]

Fonte: www.edrenekivitz.com

John Piper – Justificados, Mas Não Perdoados?

Justificados, Mas Não Perdoados?

A diferença entre a ira judicial e o desprazer paternal
Como podemos ser justificados pela fé e, apesar disso, precisarmos continuar confessando nossos pecados, todos os dias, para que sejamos perdoados? Por um lado, o Novo Testamento nos ensina que, quando cremos em Cristo, a nossa fé é atribuída como justiça (Romanos 4.3,5-6); a justiça de Deus é imputada a nós (Filipenses 3.9). Em Cristo, permanecemos diante de Deus como pessoas justas, e aceitas, sim, e “perdoadas”, conforme Paulo afirmou: “É assim também que Davi declara [em Salmos 32.1] ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos” (Romanos 4.6-7). Portanto, na mente de Paulo, a justificação envolve a realidade do perdão.
Contudo, por outro lado, o Novo Testamento também ensina que o nosso perdão contínuo depende da confissão de nossos pecados. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9). Confessar os pecados é uma parte do andar na luz, que temos de praticar, a fim de que o sangue de Cristo continue a purificar-nos de nossos pecados — “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz… e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7). E Jesus nos ensinou a orar diariamente: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mateus 6.12).
Então, como devemos nos ver em relação a Deus? Todos os nossos pecados já estão perdoados ou são perdoados dia após dia, à medida que os confessamos? A justificação significa que todos os pecados — passados, presentes e futuros — estão perdoados no caso das pessoas justificadas? Há outra maneira de vermos os nossos pecados em relação a Deus? Ouçamos, primeiramente, o pastor e teólogo Thomas Watson, que viveu há 350 anos.
Quando percebi que Deus perdoa todos os meus pecados, entendi que isso se referia a pecados passados, uma vez que os pecados por vir são perdoados somente quando nos arrependemos deles. Na verdade, Deus já decretou o perdão desses pecados. E, quando Ele perdoa um pecado, perdoará, no devido tempo, todos os outros. Mas os pecados futuros não são realmente perdoados até que nos arrependamos deles. É absurdo pensar que o pecado é perdoado antes de ser cometido…
A opinião de que os pecados futuros, bem como os pecados passados, são perdoados remove e anula a intercessão de Cristo. Ele é um advogado que intercede em favor de pecados cotidianos (1 João 2.1). Mas, se o pecado é perdoado antes de ser cometido, existe alguma necessidade da intercessão diária de Cristo? Que necessidade tenho eu de um advogado, se o pecado é perdoado antes de ser cometido? Portanto, embora Deus perdoe, no caso do crente, os pecados passados, os pecados vindouros não são perdoados, enquanto não há arrependimento renovado (Body of Divinity,Grand Rapids: Baker Book House, 1979, p. 558).
Watson está correto? Depende. Sim, creio que podemos aceitar esse ponto de vista sobre o perdão, se tivermos em mente, com firmeza, o fato de que o preço, o fundamento e a garantia de todo o perdão (de pecados passados, presentes e futuros) foi a morte de Cristo, de uma vez por todas. A ambigüidade surge com a pergunta: quando obtemos o perdão para todos os pecados que cometeremos? Essa pergunta significa: quando o perdão foi comprado e garantido para nós? Ou significa: quando o perdão será aplicado a cada transgressão, de modo que remova o desagrado de Deus para com ela? A resposta à primeira pergunta poderia ser: na morte de Cristo. A resposta à segunda pergunta: na renovação de nosso arrependimento.
Isso levanta outra pergunta: Deus sente desprazer em relação a seus filhos justificados? Se isto é verdade, que tipo de desprazer é este? É o mesmo que Deus sente em relação aos pecados dos incrédulos? Como Deus vê os nossos pecados diários? Ele os vê como transgressão de sua vontade, que O entristece e O deixa irado. Contudo, essa tristeza e essa ira, embora motivadas por responsabilidade e culpa autênticas, não é a “ira judicial”, utilizando a expressão de Thomas Watson. “Embora o filho de Deus, após receber o perdão, possa incorrer no desprazer de seu Pai celestial, a ira judicial de Deus é removida. Ainda que Deus possa usar a vara, Ele já removeu a maldição. As correções podem sobrevir aos santos, mas não a destruição” (Body of Divinity, p. 556).
Deus também vê nossos pecados como “cobertos”, e não como “imputados”, por causa do sangue de Cristo (Romanos 4.7-8). Assim, de um modo paradoxal, Ele vê nossos pecados como portadores de culpa (que causam tristeza e ira) e, ao mesmo tempo, como pecados que já têm o perdão garantido(embora ainda não perdoados, no sentido da reação de Deus à confissão e da remoção do seu desprazer paternal). O que causa a distinção entre a ira judicial de Deus para com os pecados ainda não confessados dos incrédulos e o desprazer dEle para com os pecados não perdoados dos crentes? A diferença é que o crente está unido a Deus, em Cristo, mediante uma nova aliança. A promessa desta aliança é que Deus jamais deixará de fazer-nos o bem e jamais permitirá que O abandonemos, mas sempre nos trará à confissão e ao arrependimento. “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim” (Jeremias 32.40).
Este compromisso da nova aliança foi comprado por Cristo para nós (Lucas 22.20) e aplicado por meio da fé, de modo que, embora incorramos no desprazer de Deus, nós, que somos justificados pela fé, nunca incorremos na ira judicial de dEle, por toda a eternidade. Em outras palavras, visto que o perdão de todos os nossos pecados foi comprado e garantido pela morte de Cristo, Deus está plenamente comprometido em trazer-nos de novo ao arrependimento e à confissão, tão freqüentemente quanto necessário, a fim que recebamos o perdão e o desfrutemos na remoção do seu desprazer paternal. Nosso Pai se compraz em restaurar-nos à sua satisfação, até que essas restaurações não sejam mais necessárias.

Devocional extraído do livro Provai e Vede, de John Piper.
Copyright: © Editora FIEL
Permissões: a postagem de trechos deste livro foi realizada com permissão da Editora Fiel. Se você deseja mais informações sobre permissões contate-os.
Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/01/devocional-john-piper-justificados-mas-nao-perdoados/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+voltemosaoevangelho+%28Voltemos+ao+Evangelho%29