sexta-feira, 30 de março de 2012

Pastor Yousef Nadarkhani escreve carta a cristãos do mundo inteiro


Portas Abertas


Pastor Yousef Nadarkhani corre o risco de ser executado por apostasia no Irã. Ele escreveu esta carta na prisão em janeiro de 2011, poucos meses depois de receber o veredicto por escrito confirmando sua sentença de morte. O pastor permanece preso em Rasht, sob a ameaça de uma execução que pode acontecer a qualquer momento.



Leia abaixo as palavras de perseverança do pastor e lembre-se de interceder por ele.

"Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”.

Portanto, tambem nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos foi proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Hebreus 12:1-2.

Quando alguém compreende a revelação da verdade, essa pessoa estará disposto a compartilhá-la com outras pessoas e com as gerações futuras. Somos gratos às pessoas que, no passado, lutaram pela Verdade, que nos permitem ter acesso a esta gloriosa revelação de Jesus Cristo. Esses crentes entenderam a riqueza e a beleza da revelação, e estavam prontos para lutar a fim de passar adiante o fruto da revelação.

Como podemos dar frutos semelhantes para a vida eterna? Depende esolhas que fizermos. Primeiro temos que fechar os ouvidos para a voz das trevas, como está escrito no salmo primeiro: Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Salmo 1:1.

A segunda coisa é abrir os nossos ouvidos à voz do Espírito falando através da Palavra de Deus, como está escrito: Mas o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Salmo 1:2.
O fruto da A comunhão com o Senhor através da Sua Palavra Vivificante é o que garante a estabilidade nesta vida e impacta a vida de outros gerando frutos eternos, como dizem as Escrituras: E ele será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, que dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará. Salmo 01:03.


"Um passo de fé"

Muitas pessoas admiram Jesus como um modelo único a ser seguido por gerações, muitos gostariam de imitá-lo. Jesus não veio para ser apenas admirado, mas nos trouxe um modelo perfeito a ser seguido. Se queremos ser como Ele, precisamos dar um passo de fé, como Pedro. Quando Pedro viu o seu Senhor andando sobre o mar furioso, ele pediu para ir ao encontro de Jesus sobre as águas. Então Jesus disse: "Vem!".

Todos quanto escolheram seguir o Senhor, de alguma forma ouviram antes uma ordem D’ele, dizendo: "Vem!" Uma ordem que implica um passo de fé. Como é evidente nas Escrituras, aquilo que somos capazes de ver não é fé. A fé é bíblicamente definida como: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." 

Temos que dar um passo de fé "apesar das dificuldades" ", a fim de experimentar o poder de Deus. Mas precisamos lembrar que tudo deve ser feito de acordo com a Palavra de Deus. Pedro não experimentou a possibilidade de andar sobre as águas porque ele simplesmente decidiu abandonar o barco, mas por causa da Palavra, da Ordem do Senhor. A Palavra de Deus nos diz que "deveremos passar por dificuldades" e desonra por causa do Seu Nome. A nossa fé não será genuina se ignorarmos estas palavras, se não manifestarmos a paciência do Senhor em nossos sofrimentos. Qualquer um que ignora-las será envergonhado naquele dia.

É bom lembrar que muitas vezes o passo de fé nos coloca diante de algumas dificuldades. Assim como a Palavra levou os filhos de Israel a sair do Egito e os colocou diante de um obstaculo chamado Mar Vermelho. Essas  dificuldade se colocam entre as promessas de Deus e cumprimento delas e servem para desafiar e fortalecer a nossa fé. Os crentes devem aceitar esses desafios como uma parte de sua caminhada espiritual. O Filho foi desafiado no Calvário, no caminho mais difícil, como está escrito nas Escrituras: "Durante os dias de vuda na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão; Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu ". Hebreus 5:7-8.

O clamor "Eli, Eli, lamá sabactâni?" É suficiente para expressar os sofrimentos de nosso Senhor no Calvário. Por trás desse pedido de socorro, podemos identificar a grande fé que o levou a aceitar a vontade do Pai. Sim, Ele sabia que Deus não permitiria que "seu Santo sofresse decomposição”, e que, em três dias, ele ressuscitaria  dentre os mortos. Além do poder da morte, o Senhor enxergou o poder da ressurreição vitoriosa.

Eu não preciso escrever mais nada sobre a base da fé. Lembremo-nos que indenpendente de momentos bons ou ruins, apenas três coisas permanecem: a Fé, a Esperança e o Amor. É importante para os cristãos se certificarem que tipo de fé, esperança e amor permanecerão. Somente o que recebemos de acordo com a Palavra permanecerá para sempre. Eu quero encoraja-lo a viver de forma digna do chamado da Santa Palavra. Permitam irmãos, vocês que são herdeiros da glória de Cristo, serem exemplos para outros, a fim de ser um testemunho do poder de Cristo para o mundo.

Peço-lhes que vivam segundo a Palavra de Deus, a fim de rejeitar as ações das trevas que geram dúvidas em seus corações. A verdadeira vitória que elimina as dúvidas, vem pelo ouvir a Palavra de Deus com fé. 

Somente uma igreja baseada nos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo subexistirá, longe do auxilio e da proteção da Palavra de Deus o devorador o destrurá. 

“Vamos dar um Testemunho Santo. "

Seu irmão em Cristo,

Youcef Nadarkhani


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sexta-feira, 23 de março de 2012

Coca- Cola é do DIABO????? Essa é dose!!!!!!!!!!


O refrigerante de Baal é o mijo de Mamon, mas eles chamam de Leão de Juda!



Se você não conseguiu perceber a entonação característica do discurso dos cabras safados egressos da IURD, eis a informação: o picareta ai do vídeo é o empresário Moisés Magalhães, fiel membro da da Igreja Universal do Reino de Deus. O pai da brilhante ideia de inventar uma tubaína ungida "dita fruto" de ordenança direta de “deus” para combater a Coca-Cola.

Não é de se espantar que da seita que prega um “jesus genérico” venha a epifania de criar um refrigerante igualmente genérico, e com a chancela de Baal: o refrigerante Leão de Judá é encontrado em três sabores: cola, guaraná e laranja. Na latinha, em vez de “Sempre Coca-Cola”, os dizeres “Feliz a Nação cujo Deus é o Senhor” são o destaque. Já dentro da latinha, não importa o sabor, o que tem é o mijo de Mamon!





Nesta nossa luta aqui há dias em que sobra humor na denúncia dos falsos profetas. Um humor necessário, capaz de provocar a reflexão no outro, no enganado... Enquanto zomba da derrota de satanás, que quem está por traz de toda esta corrupção desta gente sem temor de Deus que explora a crendice popular, justamente usando o santo nome Daquele que virou os tabuleiros dos pais desta mesma corja no passado.

Em outros dias, o sentimento que nos toma é a tristeza mesmo, de ver a gente enganada... Da até vontade de desistir... Cansa!

Noutros tantos dias, o que nos toma é a indignação, motivando a célere defesa do que nos é tão caro: a nossa Boa Nova. Deus não precisa de defensor. A igreja não precisa de defensor. Mas o Evangelho carece. E foi assim desde o início, posto que não vemos (e tanto!) esta preocupação desde as cartas paulinas, aos pais da igreja e os reformadores? Disse Calvino: “O cão late quando seu dono é atacado. Eu seria um covarde se visse a verdade divina ser atacada e continuasse em silêncio, sem dizer nada." Assim é. Ou não?

Mas há dias, meus irmãos, que eu confesso que sou o pior dos cristãos, pois não consigo sentir um único fragmento de amor ou misericórdia pela vida de certos heresiarcas. Você mais santarrão, cuja vida o Senhor conhece, talvez tenha a coragem de se achar melhor... Deus lhe conserve assim, meu irmão! Pois eu confesso que quando escuto sair da boca de um “dito cristão”: Eu sacrifiquei; Assim, neste contexto da confissão positiva... O meu sangue ferve e... Cachorro, meu caro Calvino, é pouco... Eu me sinto tomado de fúria e desejo o lampejo de um raio, direto na cabeça do cidadão. Depois eu oro, peço pela misericórdia do Pai... Imploro por temperança... Mas olha: Custa, viu!

Esta marca não é trade mark sua não, cabra! Isto ai Balaão registrou tem tempo e olha que a mula testemunhou no cartório e tudo!

- Sacrifício, seu cão! Você sacrificou! Sacrificou na fogueira santa? No altar de Baal, seu sacripanta dos infernos!

- Falas em seu sacrifício e promessas de Deus para o que... Você criar esta tubaína?


Jesus é o Cordeiro de Deus (João 1:29 e João 1:36). Ele é o sacrifício perfeito e definitivo e não há nenhum sacrifício que possa vir após Ele. E foi como disse Isaías 53:10, quando ainda se sacrificava algo no altar de Deus... Mas o Senhor Deus providenciou o perfeito sacrifício como expiação pelos pecados de Seu povo (Romanos 8:3; Hebreus 10).

Ver gente falando em sacrifício... Gente que se diz cristã... Só na Universal mesmo, onde até sangue de mentira se verte no altar. DuvídaClique aqui para ver e cuidado para não vomitar!




quarta-feira, 21 de março de 2012

Minha grande decepção com John Piper



John Piper

Por Maurício Zágari

Todo cristão que se preza sabe quem é John Piper e já leu alguns de seus livros. Não é seu caso? Então corra e leia! Pois bem, não escrevo para fazer propaganda dos livros de Piper, embora faria com todo prazer. Pois bem, passei a semana inteira na 27a Conferência Teológica da Editora Fiel, na qual ele era o preletor mais esperado. Fui com expectativa. Primeiro porque esse pastor, escritor e conferencista polêmico prega BíbliaE Bíblia pura, sem firulas ou meias-palavras Para quem está exausto de estar cercado de tanto cristianismo raso, seria a oportunidade de ouvir alguém que tem dito o que realmente importa em se tratando de fé cristã, alguém que não acha que a expressão “ortodoxia bíblica” é palavrão. Que prega o epicentro da fé, o tutano do cristianismo. Já tinha notado isso ao entrevistá-lo para a revista Cristianismo Hoje e ao ouvir muitas de suas pregações. Mas nada substitui o “ao vivo”.
Tive a oportunidade, como editor do programa de rádio Mosaico Cristão e do APENAS, de participar de uma entrevista coletiva para um grupo selecionado de poucas pessoas. Não vou dizer tudo o que ele falou, você poderá ouvir a entrevista na íntegra, com 30 minutos de duração, no dia 16/10, no Mosaico Cristão (horários e link para ouvir via web estão no twitter, pelo @Mosaico_Cristao), com perguntas minhas, do Pr. Renato Vargens (@Renatovargens), Vinicius (do blog Voltemos ao Evangelho – @voltemos), a turma do blog iPródigo (@iprodigo) e outros blogueiros e repórteres amigos.
Mas, no pouco tempo em que estivemos na mesma sala pude ver um homem pequeno, de baixa estatura, que fala como um gigante. Afinal, um cara que tem coragem de peitar as heresias e pôr o dedo na cara delas deveria ser um sujeito parrudão. Não foi o que vi.Conheci um baixinho mirradinho mas que, quando abre a boca, o que saem são pérolas e mais pérolas bíblicas. Tudo coerente. Numa época em que Missão Integral está na crista da onda, ele tem o peito de dizer que temos de ajudar sim o pobre, mas que de nada adianta ajudá-lo se depois ele vai passar a eternidade no infernoQue diz que Teologia da Prosperidade é antibíblica e cruel. Que Teologia Relacional é fazer Deus deixar de ser Deus. Na linguagem do Nordeste, Piper se mostrou ser um “sujeito-homem”. Pois diz o que tem de ser dito. Ele não é arrogante: é bíblico e faz isso de forma incisiva.
Certa vez vi uma twitcam em que um grupo de jovens cristãos emergentes (que recentemente racharam com sua igreja original e agora congregam num local onde até cesta de basquete no salão tem) o acusavam de “não ter amor”, pela forma como fala. Nada mais distante da realidade. Vi ali puro amor… pela santidade e a soberania de Deus.
O que ouvi sair daqueles lábios foi Evangelho puro. Foi “você é pecador, arrependa-se e entregue-se a Cristo, para a glória dEle”. A mensagem de Jesus. Não ouvi projetos sociais que não ecoarão pela eternidade. Não ouvi bobagens sobre o amor de Deus ditas em frases poéticas. Não ouvi nenhuma vontade de agradar quem quer que seja exceto Jesus. Saí de meu encontro com Piper com a certeza de que ainda há os que percebem que cristianismo é sobre a eternidade ao lado de CristoTem pouco ou quase nada a ver com esta vida, que a Biblia diz que é “como um sopro” ou “como uma neblina”.
Não o idolatro. Não o tenho como quarto membro da Trindade. Vejo nele um homem falho como eu e você. Mas meu encontro com John Piper confirmou uma certeza que eu já tinha: o Evangelho e Jesus não precisam de mais pregadores da prosperidade, de marxismo cristão, de ativismos em nome de Cristo, de universalistas, de poetas que dizem que Deus não está no controle, de gente que ataca a igreja institucional achando que esta fazendo uma grande coisa. Tudo isso, como disse Paulo, “considero como esterco”. Basta de igrejas e pastores moderninhos que querem “ganhar” a juventude usando roupa da moda, cabelo estiloso e indo a shows de Ozzy Osbourne.
Imagino Cristo olhando isso tudo e dizendo “não entenderam nada”.
Sai do encontro com John Piper com a certeza de que Jesus quer mais Johns Pipers.Homens e mulheres que não têm vergonha de proclamar as Escrituras, doa a quem doer. Homens como Augustus Nicodemos Lopes, Walter McAlister, Franklin Ferreira, Paul Washer. Pois são esses que vão pregar o que Cristo pregou, que vão pôrJesus e não o homem no centro de tudo e, acima de qualquer coisa cumprirão a missão de Deus e a razão da criação do homem: a GLÓRIA DE DEUS.
Ah sim, já ia me esquecendo de dizer qual foi a minha grande decepção. A grande decepção sou euFoi perceber o quanto estou longe do que deveria ser. Meu conhecimento teológico é pequeno. Minha ousadia ao proclamar o Evangelho é pífia. O que tenho feito para glorificar Deus tem sido muito pouco. Meu encontro com John Piper foi um despertamento: está na hora de começar a fazer alguma coisa. Fazer mais. É o mínimo que posso fazer por Aquele que me chamou das trevas para sua maravilhosa luz. E você? O que tem feito para a glória de Deus além de gritar “glória a Deus!” durante cultos dominicais? Acho que Piper tem feito mais que isso. Que eu possa fazer também, com cada inspiração de meus pulmões, cada palavra que saia de meus lábios e cada ação que minhas mãos executem.
Paz a todos vocês que estão em Cristo!



A controvérsia da doutrina da Eleição





Por Hermes C. Fernandes

Muito tem sido debatido acerca da doutrina da eleição. De um lado, encontramos os calvinistas, defensores do direito que Deus tem de escolher quem quer que seja, sem ao menos consultar a vontade humana. Do outro, os arminianos, advogando o direito humano de ser consultado, e ter sua vontade respeitada, mesmo pelo seu Criador. Ambos vêm se digladiando há séculos. Afinal de contas, a Bíblia respalda tal doutrina? 

Não é preciso muito conhecimento do texto sagrado para dar-se conta de que tal doutrina é amplamente difundida ali. De Gênesis à Apocalipse. Mesmo o mais ferrenho arminiano terá que admitir. Ou Deus não escolheu a Noé para construir a Arca e salvar o remanescente humano do dilúvio? Ou também não escolheu a Abraão para originar a estirpe que traria Jesus ao Mundo? E igualmente não escolheu a Davi dentre todos os seus irmãos? E por aí vai…

O problema não é a doutrina da eleição em si, mas a maneira como ela tem sido exposta e defendida.
Primeiro, a eleição jamais foi um si em si mesma, como sugerem alguns calvinistas. Mas tão-somente um meio para alcançar um fim maior. Por exemplo:


Deus escolhe a Noé para garantir a perpetuação da raça humana. Portanto, um foi escolhido para o bem de todos. Deus escolhe a Abraão para que por ele e sua descendência todas as famílias da Terra fossem abençoadas. E o que dizer de Paulo, chamado por Deus de "vaso escolhido" para fazer conhecido entre os gentios o mistério do Evangelho? Mais uma vez, um foi escolhido para o bem de todos.

Apesar disso, Israel parece não ter compreendido bem sua posição como povo escolhido para benefício de todos os povos, e arrogou para si o monopólio do sagrado. Creio que justamente nesta vala que a igreja tem caído. Em nossa pobre concepção, ser eleito é sinônimo de ser os únicos com os quais Deus Se importa, os detentores do copyright de tudo quanto é sagrado, os prediletos. Ora, a mesma Bíblia que afirma nossa eleição, também declara que Deus não faz acepção de pessoas.


Costumo usar uma analogia para tentar explicar a maneira como a igreja tem se portado quanto à doutrina da eleição. A humanidade é um navio naufragante como o Titanic. Os calvinistas, preocupados em salvar sua pele, declaram terem sido escolhidos pelo comandante da nau a ocupar os botes salva-vidas. Os arminianos, por seu turno, se amotinam reinvindicando o direito de serem salvos à despeito do que diga o comandante. Pra eles vale o “salve-se quem puder”, ou melhor, “quem quiser”. Enquanto isso, aqueles que realmente creem na eleição esboçada nas Escrituras, reúnem-se com o comandante para consertar o navio. Nem calvinismo, nem arminianismo. Eu chamaria tal postura como “reinismo”, pois os que a defendem acreditam que o Reino de Deus foi introduzido no mundo para garantir a redenção da humanidade, e a restauração de tudo quanto o pecado danificou. Dentro desta perspectiva, o último capítulo na história da redenção será o cumprimento da promessa de que “Deus seja tudo em todos” (1 Co.15:28).


Portanto, não podemos transformar a eleição numa doutrina que nutra nosso orgulho religioso, fazendo-nos acreditar que fomos preferidos, enquanto todos os demais foram preteridos por Deus. Não estou aqui defendendo que no final das contas todos serão igualmente salvos. Não vem ao caso. E sim que devemos voltar nossos esforços para alcançar a todos, ainda que alcancemos apenas a alguns. Como disse Paulo: “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns” (1 Co. 9:22).


Qual será nossa surpresa se no final descobrirmos que muitos daqueles que se julgavam “escolhidos” estarão entre os réprobos, enquanto que outros a quem desprezávamos, reputando-os como irremediavelmente perdidos estarão entre os redimidos?


O fato de sermos escolhidos não deve fazer com que nos exerguemos como tais. Devemos manter-nos humildes, e sempre dependentes da misericórdia divina. Postura semelhante era adotada por Paulo, o apóstolo que mais falou da preciosa doutrina da eleição:
“Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Por isso todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa de outra maneira, também Deus vo-lo revelará.” Filipenses 3:10-15
Não basta sabermos o que somos, mas também como nos sentimos com relação a isso. Não façamos da eleição uma justificativa para sentir-nos superiores aos demais. Mesmo que sejamos “perfeitos”, no sentido de que nossa debilidade é suprida em Cristo, admitamo-nos perfeitamente imperfeitos. Ainda que aos olhos de Deus a obra esteja acabada, percebemo-nos em processo de acabamento. Ele nos santificou, todavia devemos buscar a santificação. Ele nos justificou, todavia devemos encarnar a justiça do Reino de Deus. Ele nos predestinou, contudo devemos perseverar até o fim. Ele nos abençoou, porém devemos buscar ser bênção na vida de todos. Nas palavras de Pedro, devemos procurar fazer cada vez mais firme a nossa vocação e eleição, porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçaremos (2 Pe. 1:10).

Na esperança de não ser mal-interpretado, ouso aqui citar Nietzsche: "Grande, no homem, é ser ele uma ponte, não um objetivo: o que pode ser amado no homem é ser ele uma passagem e um declínio. Amo aqueles que não sabem viver a não ser como quem declina, pois são os que passam." 


Em Hermes Fernandes.com

terça-feira, 20 de março de 2012

John Piper – A Fonte da Saúde Mental: Ser Curado Por Conhecer a Deus


A Fonte da Saúde Mental: Ser Curado Por Conhecer a Deus

Não ajudando as pessoas a sentirem-se felizes em seu caminho para o inferno
O remédio mais comum para a maioria das desordens mentais e comportamentais de nossos dias é alguma forma de aprimoramento da dignidade pessoal. Isso permeia nossas instituições educacionais, o sistema de psicoterapia e de aconselhamento, a indústria de motivação e de recursos humanos, as propagandas e até a igreja. Acho que esse remédio é defeituoso. Aqui apresento uma carta que escrevi para um homem, a fim de esclarecer a seguinte afirmação: “É profundamente errado transformar a cruz em uma garantia para a auto-estima como a fonte da saúde mental”. Chamo esse homem de Áquila.
Querido Áquila,
1. Em minha sentença (“É profundamente errado transformar a cruz em uma garantia para a auto-estima como a fonte da saúde mental”), a expressão-chave é “a fonte da saúde mental”. Creio que é sobremodo errado afirmar que ser amado por Deus traz saúde mental, se o que alguém pretende dizer com as palavras “ser amado” é, principalmente, que eu devo ter auto-estima — se as palavras “ser amado” significam “eu sou amável”, ou “eu sou digno de amor”, ou “Deus não ama refugos”.
Isso causa dois erros. O primeiro é que esse conceito ignora a realidade, a glória, a maravilha e a espontaneidade da graça, que implica na absoluta resolução da parte de Deus para amar a quem Ele quer e suscitar das pedras filhos de Abraão, se Ele quiser nos mostrar que tais pedras cumprirão os seus propósitos. O outro erro é depreciar a experiência indescritivelmente grande do amor de Deus inerente em Si mesmo, porque essa experiência não significa uma aprovação à minha própria dignidade. Como vejo as coisas, amar a Deus é o dom de Deus em capacitar-me a vê-Lo, estar com Ele e desfrutá-Lo para sempre. Se eu tento receber esse dom precioso e divino e afirmo que ele me torna feliz, porque me ajuda a sentir-me bem a respeito de mim mesmo, algo está profundamente errado.
2. No entanto, ao dizer que a fonte da saúde mental não é a auto-estima, e sim o desfrutar a Deus, como Deus, e sua graça gratuita, como graça, não estou dizendo que não existe verdade no conceito do valor humano (embora eu tenha dificuldades com a expressão “dignidade pessoal” uma vez que a palavra “pessoal” parece levar o assunto para além do que a Bíblia ensina). Jesus disse que somos mais valiosos do que as aves (Mateus 6.26). Entendo isso com o sentido de que, em última análise, os seres humanos têm uma capacidade única de desfrutar a Deus, como Deus, e de refletir sua glória e dignidade de um modo que nenhuma outra criatura pode fazê-lo. Assim, o valor do ser humano é o potencial que Deus nos dá para O considerarmos precioso, por desfrutá-Lo, valorizá-Lo e apreciá-Lo, juntamente com o seu modo de agir.
3. Temos de crer que somos “aperfeiçoáveis”, para que esperemos o céu do modo como devemos fazê-lo? Tudo depende do que esse aperfeiçoamento significa e de Quem o está realizando. Deus o realiza (“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” — 1 Tessalonicenses 5.23). E a palavra “perfeito” significa perfeitamente capacitado, adequado e completo para se deleitar em Deus, com toda energia e pureza com as quais Ele se deleita em Si mesmo (“A fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja” — João 17.26).
4. Devemos dizer a uma pessoa abandonada que ela tem grande “dignidade pessoal”, quando ela se sente um fracasso e um lixo? (Primeiramente, é  bom descartarmos a expressão “dignidade pessoal”, porque ela está tão sobre carregada de uma concepção do mundo repleta de psicologia e centralizada  no homem, que provavelmente tal expressão não será útil para comunicar o  que significa realmente um sentimento de importância centralizado em Deus). Como você ressaltou tão bem, a questão é a confiança. Deus falhou neste relacionamento? Ele cometeu um erro, ao fazer aquela pessoa inculta, nervosa, cega, pequena, gorda, medíocre ou desprovida de um corpo atlético? Acho que a busca imediata da terapia da auto-estima está enganando muitas pessoas e deixando o verdadeiro problema sem solução, enquanto talvez ajuda as pessoas a sentirem-se bem, porque elas são alguém (e usamos a Deus tão-somente para dar apoio a isso). A questão é: elas amam a Deus de um modo que as satisfaz suficientemente para seguirem em frente? Confiam na bondade, sabedoria, poder e riquezas de Deus, para ajudá-las a fazer o que têm de fazer? Regozijam-se em Deus porque têm o sublime privilégio de conhecê-Lo e de serem amadas por Ele? Ou devem ter a visão da glória que ecoa o próprio valor delas, antes de receberem qualquer ajuda dessa visão?
Não estou negando nem ocultando o fato de que é maravilhosamente significativo conhecer a Deus e ser usado por Ele, para torná-Lo conhecido e amado por outros. Há ocasiões em que afirmo isso e o faço de um modo que deixa claro que a maravilha de tudo isso está na preciosidade de conhecer a Deus, refletindo-O suficientemente bem, por meio de meu deleite nEle, que outros podem ver a dignidade dEle em mim e se unirem a mim para desfrutá-Lo. Ora, existe nisto o verdadeiro significado!
Espero que você possa ver e sentir o mundo em que fluem meus pensamentos. A questão é: qual é afonte da saúde mental? Minha resposta é: Deus. Ou: ver a Deus como Deus e desfrutá-Lo como Deus; e isso envolve ser perdoado por Ele e ser aceito com graça totalmente gratuita. Creio que estas verdades são distorcidas, quando são usadas para tornar a auto-estima a fonte da saúde mental. Os menores ajustes que os evangélicos fazem para se conformarem ao mundo na sua maneira de tornar as pessoas felizes à caminho do inferno não são suficientemente fundamentais para mim.
Você me ajudou muito. Obrigado.
Pastor John
Devocional extraído do livro Provai e Vede, de John Piper.
Copyright: © Editora FIEL
Permissões: a postagem de trechos deste livro foi realizada com permissão da Editora Fiel. Se você deseja mais informações sobre permissões contate-os.

segunda-feira, 19 de março de 2012

A integridade do evangelho: uma avaliação do neopentecostalismo


Por Alderi Souza de Matos


Elas ocupam um enorme espaço na televisão aberta, chegando a milhões de lares brasileiros todos os dias. As três mais conhecidas e salientes têm nomes parecidos — Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e Igreja Mundial do Poder de Deus. Esses nomes apontam para objetivos ousados e ambiciosos. Seus líderes máximos adotam, respectivamente, os títulos de bispo, missionário e apóstolo. Elas são o fenômeno mais recente, intrigante e explosivo do “protestantismo” tupiniquim. Trata-se das igrejas neopentecostais, denominadas por alguns estudiosos “pentecostalismo autônomo”, em virtude de seus contrastes com os grupos mais antigos desse movimento.

É difícil categorizá-las adequadamente, não só por serem ainda recentes, mas porque, ao lado de alguns traços comuns, também apresentam diferenças significativas entre si. A Igreja Mundial investe fortemente na cura divina. Seu apóstolo garante que ninguém realiza mais milagres do que ele. Seu estilo é personalista e carismático. Caminha no meio dos fiéis, deixa que as pessoas recolham o suor do seu rosto para fins terapêuticos, às vezes é ríspido com os auxiliares. O missionário da Igreja Internacional é simpático e bonachão; parece um pastor à moda antiga. É também polivalente: prega, canta, conta piadas, anuncia produtos e serviços. Controla com rédea curta o seu pequeno império. Todavia, nenhuma dessas igrejas vai tão longe na ruptura de paradigmas quanto a IURD. Dependendo do ângulo de análise, parece protestante ou católica. Seu carro-chefe é a teologia da prosperidade. Defende sem pejo a ética da sociedade de consumo. Seu líder está entrando na lista dos homens mais ricos do país.

Desde o início, o cristianismo tem exibido uma grande variedade de manifestações, algumas bastante inusitadas. Foi o caso do gnosticismo e do marcionismo nos primeiros séculos, das seitas apocalípticas na Idade Média e de alguns grupos resultantes dos reavivamentos nos Estados Unidos do século 19. Porém, nenhum movimento tem sido tão pródigo em termos de quantidade e diversidade de ramificações quanto o pentecostalismo contemporâneo. No atual ambiente pluralista e inclusivista, muitos observadores vêem nessa multiplicidade um sinal de vitalidade, de dinamismo. Todavia, há sinais preocupantes nos ensinos e práticas de certos grupos. Na célebre Confissão de Fé de Westminster (1647), os puritanos ingleses colocaram a questão em termos de diferentes graus de pureza das igrejas cristãs — cap. 25.4,5 (igrejas mais puras e menos puras). Uma avaliação simpática e honesta das igrejas neopentecostais aponta para alguns aspectos que precisam ser reconsiderados a fim de que elas se tornem genuínos instrumentos do evangelho de Cristo.

O problema hermenêutico

Uma grave deficiência dessas novas igrejas está na maneira como interpretam a Bíblia. Os reformadores protestantes insistiram no valioso, porém arriscado, princípio do “livre exame das Escrituras”, ou seja, de que todo cristão tem o direito e o dever de ler e estudar por si mesmo a Palavra de Deus. Acontece que muitos viram nisso uma licença para a livre interpretação do texto sagrado, o que nunca esteve na mente dos líderes da Reforma. Eles lutaram contra uma abordagem individualista e tendenciosa da Escritura, insistindo na adoção de princípios equilibrados de interpretação que levavam em conta o sentido literal e gramatical do texto, a intenção original do autor, o contexto histórico das passagens e também a tradição exegética da igreja. Por essas razões, eles rejeitaram o antigo método de interpretação alegórica, isto é, a busca de sentidos múltiplos na Escritura, por entenderam que ela obscurecia e distorcia a mensagem bíblica.

Em muitas igrejas neopentecostais nada disso é levado em consideração. A Bíblia se torna um joguete, uma peteca lançada para lá e para cá ao sabor das conveniências. Tomam-se diferentes declarações, episódios e símbolos bíblicos e, sem esforço algum de interpretação, passa-se diretamente para a aplicação, muitas vezes de uma maneira que nada tem a ver com o propósito original da passagem. O que é ainda mais grave, os textos bíblicos são usados de modo mágico, como se fossem amuletos ou talismãs, como se tivessem um poder imanente e intrínseco. A Bíblia é encarada prioritariamente como um livro de promessas, de bênçãos, de fórmulas para a solução de problemas, e não como a revelação especial na qual Deus mostra como as pessoas devem conhecê-lo, relacionar-se com ele e glorificá-lo.

Uma nova linguagem

Na sua releitura da Bíblia, os neopentecostais por vezes criam uma nova terminologia, muito diferente dos conceitos bíblicos tradicionais. Privilegiam-se expressões como “exigir nossos direitos”, “manifestar a fé”, “declarar a bênção”, todos os quais apontam para uma espiritualidade antropocêntrica, ou seja, voltada para as necessidades, desejos e ambições dos seres humanos, e não para a vontade e a glória de Deus. Alguns dos temas bíblicos mais profundos e solenes redescobertos pelos reformadores do século 16 são quase que inteiramente esquecidos. Não mais se fala em pecado, reconciliação, justificação pela fé, santificação, obediência. O evangelho corre o risco de ficar diluído em uma nova modalidade de auto-ajuda psicológica, deixando de ser “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”.

O conceito de fé talvez seja aquele que esteja sofrendo as maiores distorções. No discurso de muitas igrejas do pentecostalismo autônomo, a fé se torna uma espécie de poder ou varinha de condão que as pessoas utilizam para obter as bênçãos que desejam. Deus fica essencialmente passivo até que seja acionado pela fé do indivíduo. É verdade que Jesus usou uma linguagem que aparentemente aponta nessa direção (“tudo é possível ao que crê”, “vai, a tua fé te salvou”). Mas o conceito bíblico de fé é muito mais amplo, a ênfase principal estando voltada para um relacionamento especial entre o crente e Deus. Ter fé significa acima de tudo confiar em Deus, depender dele, buscar a sua presença, aceitar como verdadeiras as declarações da sua Palavra. O objeto maior da fé não são coisas, mas uma pessoa — o Deus trino.

Fundamento questionável

A teologia da prosperidade, que serve de base para boa parte da pregação e das práticas neopentecostais, é uma das mais graves distorções do evangelho já vistas na história cristã. Essa abordagem teve início nos Estados Unidos há várias décadas, sob o nome de “health and wealth gospel”, ou seja, evangelho da saúde e da riqueza. No neopentecostalismo, essa se torna a principal chave hermenêutica das Escrituras. Tudo passa a ser visto dessa perspectiva reducionista acerca do relacionamento entre Deus e os seres humanos. O raciocínio é que Cristo, através da sua obra na cruz, veio trazer solução para todos os tipos de problemas humanos. Na prática, acaba se dando maior prioridade às carências materiais e emocionais, em detrimento das morais e espirituais, muito mais importantes.

Tradicionalmente, as maiores bênçãos que o homem podia receber de Deus incluíam o perdão dos pecados, a reconciliação, a paz interior e, num sentido mais amplo, a salvação. Dentro da nova perspectiva teológica, as coisas mais importantes que Deus tem a oferecer são um bom emprego, estabilidade financeira, uma vida confortável, felicidade no amor e coisas do gênero. É uma nova versão da tese do sociólogo alemão Max Weber, segundo o qual os calvinistas buscavam no sucesso econômico a evidência da sua eleição. Os problemas da teologia da prosperidade são diversos: (a) falta de suporte bíblico — a Escritura aponta na direção oposta, mostrando a armadilha em que caem os que se preocupam com as riquezas; (b) empobrecimento da relação com Deus, concebida em termos interesseiros e mercantilistas; (c) incentivo a atitudes de individualismo, egocentrismo e falta de solidariedade; (d) tendência para a alienação quanto aos problemas da sociedade.

Conclusão

O neopentecostalismo representa um grande desafio para as igrejas históricas e mesmo para as pentecostais clássicas. Esse movimento tem encontrado novas formas de atrair as massas que não estão sendo alcançadas pelas igrejas mais antigas. Nem todos os grupos padecem dos males apontados atrás. Muitas igrejas neopentecostais são modestas, evangelizam com autenticidade e não se rendem à tentação dos resultados rápidos, dos projetos megalomaníacos e dos métodos incompatíveis com o evangelho. O grande problema está nas megaigrejas e seus líderes centralizadores, ávidos de fama, poder e dinheiro. Estes precisam arrepender-se e voltar às prioridades da mensagem cristã, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, para que então as demais coisas lhes sejam acrescentadas.

Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil. Publicado em Ultimato.

Record desmascara Valdemiro Santiago no Domingo Espetacular




Em uma reportagem bombástica a riqueza de Valdemiro Santiago tem a sua origem traçada diretamente ao dinheiro do dízimo dos  fiéis da Mundial. Enquanto isto, os templos da "igreja" não pagam aluguéis.

Você já assistiu isto antes: Edir Macedo, Terra Nova,  Estevão Hernandes... A história é sempre a mesma. O seu dinheiro para Deus fica nas mãos dos "seus" atravessadores...  E o seu milagre também! 


Valdemiro já é bilionário, quando fica doente não entra no suadouro de um templo quente com radiografia nas mãos e nem esfrega toalhinha ungida na ferida - Ele se trata no hospital mais caro do país! E vai lá de helicóptero! 

E o mais cômico é que ele imita o seu mestre Edir Macedo em tudo e agora seu mestre o denuncia pelo crime mais grave que um picareta pode cometer contra outro: O ladrãozinho fica ambicioso e rouba o golpe do chefe e vira concorrente!  Deus está nesta história? 






Pra quem quiser a mesma bença do Rei do Gado  Gospel, a lojinha da Mundial já lançou o chapéu SÊ TU UM FAZENDEIRO GOSPEL, olha ai:









Genizah

sexta-feira, 16 de março de 2012

Cristianismo personnalité



Thiago Lima Barros

Você é especial!
Quem te deu a vida destruiu a forma, não tem outro igual.
Você ainda não perdeu!
Você não é folha, você é alguém no coração de Deus.

O sucesso das paradas gospel reproduzido acima demonstra muito bem o que se passa na cabeça da crentaiada Brasil afora. Um desejo incontrolável de se ver como a última bolacha do pacote causa um verdadeiro frenesi nas igrejas brasileiras, principalmente na maioria pentecostal. Como eu sou um deles, conheço bem o gado a que pertenço.

Para essa turma, a igreja deve ser um verdadeiro Itaú Personnalité (ou BB Estilo, Santander Van Gogh, Bradesco Prime ou coisa que o valha). Tal e qual esses serviços bancários para correntistas top de linha, com rendas gordas e depósitos e investimentos idem, tudo deve ser exclusivo. Pra que enfrentar fila e ser atendido por um preposto qualquer, se eu posso chegar diretamente na mesa do gerente, ser servido em salva de prata com água gelada e café expresso e dizer o que eu quero, e pra ontem? Da mesma forma, eu lá preciso orar para ter o que eu quero? Eu sou filho do Rei! Tenho que ter tudo do bom e do melhor! O pastor que se vire para forçar Deus a satisfazer os meus desejos! E ai dele se isso não acontecer, porque esse dízimo ele perde!

Em parte, esse desejo de exclusividade é compreensível: trata-se de um traço da nossa identidade nacional. O jornalista Vladimir Safatle arrazoou a respeito no artigo “Inflação de Prestígio”, publicado na Folha de São Paulo, no último dia 18 (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1810201106.htm - só para assinantes), que repercutiu na blogosfera local, em análise tão excelente quanto a anterior, da lavra do também jornalista Plínio Lins (http://blog.tudonahora.com.br/pliniolins/2011/10/18/consumidor-bobo-crente-que-esta-abafando/). A nossa classe média mais antiga gosta de ser cobrada a mais por serviços cujo preço real é bem menor. Parvoíce? Não. “É o preço da exclusividade”, dizem. Dessa forma, se sentem mais importantes ainda, enquanto depauperam suas finanças já comprometidas e estimulam a espiral inflacionária, que afeta principalmente os mais pobres.

Já no meio evangélico, o desejo de tratamento principesco se dá por motivo diametralmente oposto. Muitos de nossos conservos vêm de estratos humildes da sociedade, e diuturnamente sofrem humilhações covardes do mundo que os rodeia, tanto por serem servos de Deus, como pela sua condição social e econômica. Sabendo que servem a um Deus que tudo pode, e tomando passagens bíblicas fora de seu real contexto, nasce em seus corações um desejo revanchista e soberbo contra a sociedade que os oprime, e a vã confiança de que o Senhor irá se curvar a seus caprichos, tudo em nome de uma suposta justiça distributiva celestial.

Nada mais falso. É óbvio que nos servimos ao Todo-Poderoso, e ele poderia nos fazer ricos, se assim desejasse. Poderia, da mesma forma, nos poupar de sofrimentos “inúteis” e nos entregar a um estado de delícias aqui mesmo neste mundo. Tratar-nos, em suma, como os príncipes que somos por adoção. Mas a palavra da cruz é loucura (I Co. 1:18), e subverte nossa lógica miseravelmente cartesiana. Ora, segundo a Bíblia, quem são os nossos heróis? Quais são os nossos referenciais? São homens e mulheres que, de acordo com Hebreus 11: 35-38.

Foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra.

Achou pouco? Tem mais: o padrão bíblico para o cristão autêntico é a humildade. Não apenas como modus vivendi cotidiano, mas tambem como testemunho para os não-crentes. Alem da recomendação para que estejamos satisfeitos com o que possuímos (I Tm. 6:8), o Senhor nos alerta para a busca desenfreada por riquezas (I Tm. 6:9), para os perigos de amar o dinheiro (I Tm. 6:10), e talvez o mais importante, para os riscos que correm aqueles que consideram ser mais do que realmente são: “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” (Pv. 16:18).

Se, repito, se nos vier riqueza e conforto, isso será fruto da nossa obediência e submissão à Santíssima Trindade, que abençoará, como bem lhe aprouver, o nosso trabalho, sem barganha alguma (Sl. 128). Soberba é pecado para qualquer um, até mesmo para os que possuem poucos ou nenhum bem. Deus não se agrada do coração de alguém que se acha o rei da cocada preta, mas de um coração contrito (Sl. 51:17), que não se considera nada além de servo, e é feliz por isso.

Em contraste com a musiquinha “pra alegrar o povo” reproduzida no início deste texto, deixo para os leitores a bela composição “Espinhos”, do grupo Logos, essa sim uma verdadeira louvação a Deus e ao que a Sua Santa Palavra nos ensina.

Senhor Jesus, eu não entendo o espinho,
Mas se a cruz é o Fim deste caminho,
Dá-me mais graça.
Não sou maior que meu Senhor;
Apenas servo sou,
Apenas servo e nada mais.
Se as pontas aguçadas da coroa
Te feriram, ó Cabeça,
Eu, que sou corpo,
Parte do teu corpo,
Não devo reclamar.


Dá-me mais graça, Senhor,
Dá-me mais graça!
Passa os teus dedos nos meus olhos,
Vem me consolar.
Dá-me mais graça, Senhor,
Dá-me mais graça!
Faze-me em Cristo outra vez,
Ser mais que vencedor.



Senhor Jesus, ainda não entendo o espinho,
Mas se o mesmo faz parte da tua cruz,
Eu o aceito.
Não sou maior que meu senhor
Apenas servo sou,
Apenas servo e nada mais.
Senhor, se estou por ti sendo provado,
Eu quero aprovado ser agora!
Sei o que tens a dizer,
E creio nisto também,
Basta-me a graça.



Dá-me mais graça, Senhor,
Dá-me mais graça!
Passa os teus dedos nos meus olhos,
Vem me consolar.
Dá-me mais graça, Senhor,
Dá-me mais graça!
Faze-me em Cristo outra vez, (3x)
Ser mais que vencedor.
Um vencedor em Cristo!





Thiago Lima Barros é colaborador do Genizah 

Estagnação Intelectual – Você ama a Deus com toda a sua mente?


você ama a Deus com toda a sua mente?
Na primeira postagem vimos sobre como o verdadeiro saber está ligado ao amor, algo que John Piper defende em seu livro “Pense” . Já na segundadesmistificar alguns conceitos errados sobre o conhecimento, principalmente a noção de que teologia é algo frio e reservado para debates de seminários. Afinal, “teologia é o estudo da natureza de Deus – quem ele é e como ele pensa e age” – e por isso ela “é importante porque, se temos uma teologia errada, toda a nossa vida será errada”. Logo, “todos somos teólogos. A questão é se o que sabemos a respeito de Deus é verdadeiro”. Como nos alerta Joshua Harris em “Cave Mais Fundo”.
Tendo, então, tomado as devidas precauções, passemos agora para o problema: o anti-intelectualismo.
Devo ser franco com vocês: o maior perigo que ameaça o cristianismo evangélico norte-americano [e o brasileiro] é o perigo do anti-intelectualismo. A mente, em suas dimensões mais amplas e profundas, não está sendo levada suficientemente a sério. A nutrição intelectual não pode acontecer separadamente de uma profunda imersão, por vários anos, na história do pensamento e do espírito. As pessoas que estão com pressa de sair da universidade e de começar a ganhar dinheiro, ou de servir a igreja, ou de pregar o evangelho, não fazem a menor ideia do imensurável valor de gastar anos de prazer conversando com as maiores mentes e espíritos do passado, amadurecendo, aperfeiçoando e ampliando os seus poderes de pensamento. O resultado é que a arena do pensamento criativo está vazia e plenamente entregue ao inimigo. (Charles Malik, “The Other Side of Evangelism”, Christianity Today, Novembro, 1980, p. 41)
OK, talvez não seja “o” maior perigo. Mas certamente é um dos. No Brasil, o “anti-intelectualismo” ou a “estagnação intelectual” tem raízes na própria falta de educação geral, quanto em uma visão errônea de piedade, que diz que ser intelectual e ser cheio do Espírito são coisas opostas. Isso é claramente desmistificado quando vemos a vida de Paulo: altamente piedoso, altamente missionário, altamente cheio do Espírito e altamente intelectual. Suas cartas que o digam.
O historiador e teólogo David Wells chamou nossa geração atual de pastores de “os novos obstáculos”, porque abandonaram o papel tradicional de pastor como um proclamador da verdade para a sua congregação, e substituíram-no por um novo modelo gerencial que enfatiza as habilidades de liderança, marketing e administração.
Mas para reforçar a defesa de que pensar profundamente sobre Deus e viver profundamente cheio do Espírito, chamamos o testemunho de John Wesley, um dos avivalistas mais conhecidos. A questão não é se concordamos com tudo o que Wesley diz abaixo (ou em sua vida), mas sobre nos livramos da noção de que alguém pode buscar ser cheio do Espírito, sem que isso envolva sua mente.
Em um capítulo intitulado “Estagnação Intelectual”, William Lane Craig, autor de “Apologética para Questões Difíceis da Vida“, citou o conhecido avivalista John Wesley. Ele disse que em 1756, Wesley apresentou “An Adress to the Clergy” [Discurso ao Clero - John Wesley, Works, Vol. 6 , pg 217-231], textos que os futuros pastores de nosso tempo deveriam ler como parte de seu treinamento. Ao discutir o tipo de habilidades que um pastor deveria ter, Wesley distinguiu entre “dons naturais” e “habilidades adquiridas”. É extremamente instrutivo ponderar as habilidades que Wesley considerava que um ministro deveria adquirir:
1) Como alguém que se esforça para explicar a Escritura a outras pessoas, tenho o conhecimento necessário para que ela possa ser luz nos caminhos das pessoas?… Estou familiarizado com as várias partes da Escritura; com todas as partes do Antigo Testamento e do Novo Testamento? Ao ouvir qualquer texto, conheço o seu contexto e os seus paralelos?… Conheço a construção gramatical dos quatro evangelhos, de Atos, das epístolas; tenho domínio sobre o sentido espiritual (bem como o literal) do que leio?…Conheço as objeções que judeus, deístas, papistas, socinianos e todos os outros sectários fazem às passagens das Escrituras, ou a partir delas?… Estou preparado para oferecer respostas satisfatórias a cada uma dessas objeções?
2) Conheço grego e hebraico? De outra forma, como poderei (como faz todo ministro) não somente explicar os livros que estão escritos nessas línguas, mas também defendê-los contra todos os oponentes? Estou à mercê de cada pessoa que conhece, ou pelo menos pretende conhecer o original?…Entendo a linguagem do Novo Testamento? Tenho domínio sobre ela? Se não quantos anos gastei na escola? Quantos anos na universidade? E o que fiz durante esses anos todos? Não deveria ficar coberto de vergonha?
3) Conheço meu próprio ofício? Tenho considerado profundamente diante de Deus o meu próprio caráter?O que significa ser um embaixador de Cristo, um enviado do Rei dos céus?
4) Conheço o suficiente da história profana de modo a confirmar e ilustrar a sagrada? Estou familiarizado com os costumes antigos dos judeus e de outras nações mencionadas na Escritura? …Sou suficientemente (se não mais) versado em geografia, de modo a conhecer a situação e dar alguma explicação de todos os lugares consideráveis mencionados nela?
5) Conheço suficientemente as ciências? Fui capaz de penetrar em sua lógica? Se não, provavelmente não irei muito longe, a não ser tropeçar em seu umbral… ou, ao contrário, minha estúpida indolência e preguiça me fizeram crer naquilo que tolos e cavalheiros simplórios afirmam: “que a lógica não serve para nada?” – Ela é boa pelo menos…para fazer as pessoas falarem menos – ao lhes mostrar qual é, e qual não é, o ponto de uma discussão; e quão extremamente difícil é provar qualquer coisa. Conheço metafísica; se não conheço a profundidade dos eruditos – as sutilezas de Duns Scotus ou Tomás de Aquino – pelo menos sei os primeiros rudimentos, os princípios gerais dessa útil ciência? Fui capaz de conhecer o suficiente dela, de modo que isso clareie minha própria apreensão e classifique minhas ideias em categorias apropriadas; de modo que isso me capacite a ler, com fluência e prazer, além do proveito, as obras do Dr. Henry Moore, “A Busca da Verdadede – de Malenbranche”, “A Demonstração do Ser e dos Atributos de DEUS – do Dr. Clark?” Compreendo a filosofia natural? Tenho alguma bagagem de conhecimento matemático?… Se não avencei assim, se ainda sou um noviço, que é que eu tenho feito desde os tempos em que saí da escola?
6) Estou familiarizado com os Pais da Igreja, aqueles veneráveis homens que viverem aqueles tempos, aqueles primeiros dias? Li e reli os restos dourados de Clemente de Roma, de Inácio de Antioquia, Policarpo, dei uma lida, pelo menos rápida nos trabalhos de Justino Mártir, Tertuliano, Orígenes, Clemente de Alexandria e de Cipriano?
7) Tenho conhecimento adequado do mundo? Tenho estudado as pessoas (bem como os livros), e observado seus temperamentos, máximas e costumes?…esforço-me para não ser rude ou mal-educado…sou afável e cortês para com todas as pessoas? Se sou deficiente mesmo nas capacidades mais básicas, não deveria me arrepender frequentemente dessa falta? Quão frequentemente…tenho sido menos útil do que eu poderia ter sido!
É notável essa perspectiva de Wesley de como deve ser o pastor: Um cavalheiro, hábil nas Escrituras, conhecedor da história, da filosofia e da ciência do seu tempo. Quantos pastores graduados em nossos seminários se enquadrariam nesse modelo?
O historiador e teólogo David Wells chamou nossa geração atual de pastores de “os novos obstáculos”, porque abandonaram o papel tradicional de pastor como um proclamador da verdade para a sua congregação, e substituíram-no por um novo modelo gerencial que enfatiza as habilidades de liderança, marketing e administração.
Como resultado, a igreja tem produzido uma geração de cristãos para os quais a teologia e irrelevante e cujas vidas fora da igreja praticamente não difere em nada da dos ateus.
Wells queixa-se de que essa geração de pastores-gerentes, tem maltratado e despreparado a igreja, pois ela tem se tornado cada vez mais vulnerável a todas as seduções da modernidade, exatamente porque não ofereceram a alternativa, que é uma vida centrada em Deus e sua verdade.
 Extraído de William L. Craig – Apologética para Questões Difíceis da Vida, pg 25-26 – Vida Nova
Você pode ler uma tradução do texto completo de Discurso ao Clero aqui.
   Fonte: www.voltemosaoevangelho.com