Minha grande decepção com John Piper
Publicado: 06/10/2011 em Amor, Amor ao próximo, Celebridades gospel, Espiritualidade, Graça,Igreja dos nossos dias, Igreja Emergente, Igreja institucional, Pessoal, Teologia da Prosperidade
Por Maurício Zágari
Todo cristão que se preza sabe quem é John Piper e já leu alguns de seus livros. Não é seu caso? Então corra e leia! Pois bem, não escrevo para fazer propaganda dos livros de Piper, embora faria com todo prazer. Pois bem, passei a semana inteira na 27a Conferência Teológica da Editora Fiel, na qual ele era o preletor mais esperado. Fui com expectativa. Primeiro porque esse pastor, escritor e conferencista polêmico prega Bíblia. E Bíblia pura, sem firulas ou meias-palavras Para quem está exausto de estar cercado de tanto cristianismo raso, seria a oportunidade de ouvir alguém que tem dito o que realmente importa em se tratando de fé cristã, alguém que não acha que a expressão “ortodoxia bíblica” é palavrão. Que prega o epicentro da fé, o tutano do cristianismo. Já tinha notado isso ao entrevistá-lo para a revista Cristianismo Hoje e ao ouvir muitas de suas pregações. Mas nada substitui o “ao vivo”.
Tive a oportunidade, como editor do programa de rádio Mosaico Cristão e do APENAS, de participar de uma entrevista coletiva para um grupo selecionado de poucas pessoas. Não vou dizer tudo o que ele falou, você poderá ouvir a entrevista na íntegra, com 30 minutos de duração, no dia 16/10, no Mosaico Cristão (horários e link para ouvir via web estão no twitter, pelo @Mosaico_Cristao), com perguntas minhas, do Pr. Renato Vargens (@Renatovargens), Vinicius (do blog Voltemos ao Evangelho – @voltemos), a turma do blog iPródigo (@iprodigo) e outros blogueiros e repórteres amigos.
Mas, no pouco tempo em que estivemos na mesma sala pude ver um homem pequeno, de baixa estatura, que fala como um gigante. Afinal, um cara que tem coragem de peitar as heresias e pôr o dedo na cara delas deveria ser um sujeito parrudão. Não foi o que vi.Conheci um baixinho mirradinho mas que, quando abre a boca, o que saem são pérolas e mais pérolas bíblicas. Tudo coerente. Numa época em que Missão Integral está na crista da onda, ele tem o peito de dizer que temos de ajudar sim o pobre, mas que de nada adianta ajudá-lo se depois ele vai passar a eternidade no inferno. Que diz que Teologia da Prosperidade é antibíblica e cruel. Que Teologia Relacional é fazer Deus deixar de ser Deus. Na linguagem do Nordeste, Piper se mostrou ser um “sujeito-homem”. Pois diz o que tem de ser dito. Ele não é arrogante: é bíblico e faz isso de forma incisiva.
Certa vez vi uma twitcam em que um grupo de jovens cristãos emergentes (que recentemente racharam com sua igreja original e agora congregam num local onde até cesta de basquete no salão tem) o acusavam de “não ter amor”, pela forma como fala. Nada mais distante da realidade. Vi ali puro amor… pela santidade e a soberania de Deus.
O que ouvi sair daqueles lábios foi Evangelho puro. Foi “você é pecador, arrependa-se e entregue-se a Cristo, para a glória dEle”. A mensagem de Jesus. Não ouvi projetos sociais que não ecoarão pela eternidade. Não ouvi bobagens sobre o amor de Deus ditas em frases poéticas. Não ouvi nenhuma vontade de agradar quem quer que seja exceto Jesus. Saí de meu encontro com Piper com a certeza de que ainda há os que percebem que cristianismo é sobre a eternidade ao lado de Cristo. Tem pouco ou quase nada a ver com esta vida, que a Biblia diz que é “como um sopro” ou “como uma neblina”.
Não o idolatro. Não o tenho como quarto membro da Trindade. Vejo nele um homem falho como eu e você. Mas meu encontro com John Piper confirmou uma certeza que eu já tinha: o Evangelho e Jesus não precisam de mais pregadores da prosperidade, de marxismo cristão, de ativismos em nome de Cristo, de universalistas, de poetas que dizem que Deus não está no controle, de gente que ataca a igreja institucional achando que esta fazendo uma grande coisa. Tudo isso, como disse Paulo, “considero como esterco”. Basta de igrejas e pastores moderninhos que querem “ganhar” a juventude usando roupa da moda, cabelo estiloso e indo a shows de Ozzy Osbourne.
Imagino Cristo olhando isso tudo e dizendo “não entenderam nada”.
Sai do encontro com John Piper com a certeza de que Jesus quer mais Johns Pipers.Homens e mulheres que não têm vergonha de proclamar as Escrituras, doa a quem doer. Homens como Augustus Nicodemos Lopes, Walter McAlister, Franklin Ferreira, Paul Washer. Pois são esses que vão pregar o que Cristo pregou, que vão pôrJesus e não o homem no centro de tudo e, acima de qualquer coisa cumprirão a missão de Deus e a razão da criação do homem: a GLÓRIA DE DEUS.
Ah sim, já ia me esquecendo de dizer qual foi a minha grande decepção. A grande decepção sou eu. Foi perceber o quanto estou longe do que deveria ser. Meu conhecimento teológico é pequeno. Minha ousadia ao proclamar o Evangelho é pífia. O que tenho feito para glorificar Deus tem sido muito pouco. Meu encontro com John Piper foi um despertamento: está na hora de começar a fazer alguma coisa. Fazer mais. É o mínimo que posso fazer por Aquele que me chamou das trevas para sua maravilhosa luz. E você? O que tem feito para a glória de Deus além de gritar “glória a Deus!” durante cultos dominicais? Acho que Piper tem feito mais que isso. Que eu possa fazer também, com cada inspiração de meus pulmões, cada palavra que saia de meus lábios e cada ação que minhas mãos executem.
Paz a todos vocês que estão em Cristo!
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