terça-feira, 20 de março de 2012

John Piper – A Fonte da Saúde Mental: Ser Curado Por Conhecer a Deus


A Fonte da Saúde Mental: Ser Curado Por Conhecer a Deus

Não ajudando as pessoas a sentirem-se felizes em seu caminho para o inferno
O remédio mais comum para a maioria das desordens mentais e comportamentais de nossos dias é alguma forma de aprimoramento da dignidade pessoal. Isso permeia nossas instituições educacionais, o sistema de psicoterapia e de aconselhamento, a indústria de motivação e de recursos humanos, as propagandas e até a igreja. Acho que esse remédio é defeituoso. Aqui apresento uma carta que escrevi para um homem, a fim de esclarecer a seguinte afirmação: “É profundamente errado transformar a cruz em uma garantia para a auto-estima como a fonte da saúde mental”. Chamo esse homem de Áquila.
Querido Áquila,
1. Em minha sentença (“É profundamente errado transformar a cruz em uma garantia para a auto-estima como a fonte da saúde mental”), a expressão-chave é “a fonte da saúde mental”. Creio que é sobremodo errado afirmar que ser amado por Deus traz saúde mental, se o que alguém pretende dizer com as palavras “ser amado” é, principalmente, que eu devo ter auto-estima — se as palavras “ser amado” significam “eu sou amável”, ou “eu sou digno de amor”, ou “Deus não ama refugos”.
Isso causa dois erros. O primeiro é que esse conceito ignora a realidade, a glória, a maravilha e a espontaneidade da graça, que implica na absoluta resolução da parte de Deus para amar a quem Ele quer e suscitar das pedras filhos de Abraão, se Ele quiser nos mostrar que tais pedras cumprirão os seus propósitos. O outro erro é depreciar a experiência indescritivelmente grande do amor de Deus inerente em Si mesmo, porque essa experiência não significa uma aprovação à minha própria dignidade. Como vejo as coisas, amar a Deus é o dom de Deus em capacitar-me a vê-Lo, estar com Ele e desfrutá-Lo para sempre. Se eu tento receber esse dom precioso e divino e afirmo que ele me torna feliz, porque me ajuda a sentir-me bem a respeito de mim mesmo, algo está profundamente errado.
2. No entanto, ao dizer que a fonte da saúde mental não é a auto-estima, e sim o desfrutar a Deus, como Deus, e sua graça gratuita, como graça, não estou dizendo que não existe verdade no conceito do valor humano (embora eu tenha dificuldades com a expressão “dignidade pessoal” uma vez que a palavra “pessoal” parece levar o assunto para além do que a Bíblia ensina). Jesus disse que somos mais valiosos do que as aves (Mateus 6.26). Entendo isso com o sentido de que, em última análise, os seres humanos têm uma capacidade única de desfrutar a Deus, como Deus, e de refletir sua glória e dignidade de um modo que nenhuma outra criatura pode fazê-lo. Assim, o valor do ser humano é o potencial que Deus nos dá para O considerarmos precioso, por desfrutá-Lo, valorizá-Lo e apreciá-Lo, juntamente com o seu modo de agir.
3. Temos de crer que somos “aperfeiçoáveis”, para que esperemos o céu do modo como devemos fazê-lo? Tudo depende do que esse aperfeiçoamento significa e de Quem o está realizando. Deus o realiza (“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” — 1 Tessalonicenses 5.23). E a palavra “perfeito” significa perfeitamente capacitado, adequado e completo para se deleitar em Deus, com toda energia e pureza com as quais Ele se deleita em Si mesmo (“A fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja” — João 17.26).
4. Devemos dizer a uma pessoa abandonada que ela tem grande “dignidade pessoal”, quando ela se sente um fracasso e um lixo? (Primeiramente, é  bom descartarmos a expressão “dignidade pessoal”, porque ela está tão sobre carregada de uma concepção do mundo repleta de psicologia e centralizada  no homem, que provavelmente tal expressão não será útil para comunicar o  que significa realmente um sentimento de importância centralizado em Deus). Como você ressaltou tão bem, a questão é a confiança. Deus falhou neste relacionamento? Ele cometeu um erro, ao fazer aquela pessoa inculta, nervosa, cega, pequena, gorda, medíocre ou desprovida de um corpo atlético? Acho que a busca imediata da terapia da auto-estima está enganando muitas pessoas e deixando o verdadeiro problema sem solução, enquanto talvez ajuda as pessoas a sentirem-se bem, porque elas são alguém (e usamos a Deus tão-somente para dar apoio a isso). A questão é: elas amam a Deus de um modo que as satisfaz suficientemente para seguirem em frente? Confiam na bondade, sabedoria, poder e riquezas de Deus, para ajudá-las a fazer o que têm de fazer? Regozijam-se em Deus porque têm o sublime privilégio de conhecê-Lo e de serem amadas por Ele? Ou devem ter a visão da glória que ecoa o próprio valor delas, antes de receberem qualquer ajuda dessa visão?
Não estou negando nem ocultando o fato de que é maravilhosamente significativo conhecer a Deus e ser usado por Ele, para torná-Lo conhecido e amado por outros. Há ocasiões em que afirmo isso e o faço de um modo que deixa claro que a maravilha de tudo isso está na preciosidade de conhecer a Deus, refletindo-O suficientemente bem, por meio de meu deleite nEle, que outros podem ver a dignidade dEle em mim e se unirem a mim para desfrutá-Lo. Ora, existe nisto o verdadeiro significado!
Espero que você possa ver e sentir o mundo em que fluem meus pensamentos. A questão é: qual é afonte da saúde mental? Minha resposta é: Deus. Ou: ver a Deus como Deus e desfrutá-Lo como Deus; e isso envolve ser perdoado por Ele e ser aceito com graça totalmente gratuita. Creio que estas verdades são distorcidas, quando são usadas para tornar a auto-estima a fonte da saúde mental. Os menores ajustes que os evangélicos fazem para se conformarem ao mundo na sua maneira de tornar as pessoas felizes à caminho do inferno não são suficientemente fundamentais para mim.
Você me ajudou muito. Obrigado.
Pastor John
Devocional extraído do livro Provai e Vede, de John Piper.
Copyright: © Editora FIEL
Permissões: a postagem de trechos deste livro foi realizada com permissão da Editora Fiel. Se você deseja mais informações sobre permissões contate-os.

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