segunda-feira, 30 de abril de 2012

Culpa e Medo X Graça Paz




A culpa habita a essência humana.
A força que moveu a humanidade, mais que qualquer outra, foi a culpa.
A culpa vem da primeira transgressão.
Uma coisa é conhecer uma Lei—“Da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal não comerás; pois se dela comeres, morrendo, morrerás”. Outra é conhecê-la como transgressão.
O Conhecimento Informativo não gerou culpa, nem vergonha, nem medo, nem fuga.
Mas quando o “fruto” foi comido, tendo antes aberto o apetite de modo alienígena...era como o gosto de “pular a cerca”...despertando também os sentidos estéticos...pois o fruto era belo de se ver...e criando uma ambição de auto-divinização...ser como Deus...conhecedor do Bem e do Mal...ah!...então, veio o conhecimento da Lei...e tal conhecimento é sempre experiencial.
Somente a transgressão à Lei dá conhecimento dela, pois a Lei só se faz conhecer como culpa ou medo.
É dessa culpa essencial que procedem todas as neuroses humanas.
E como o sexo é o clímax de toda experiência sensorial que os humanos podem ter...então, ele foi o ponto de convergência de quase todas as neuroses.
“Vendo que estavam nus, fizeram para si coberturas...cintas de folhas de figueira”—foi como a culpa primeiro se expressou: como negação do prazer.
O bem virou mal.
O mal virou bem.
Houve uma inversão.
O mais belo se tornou o mais feio; e o mais digno se transmudou em vergonha; e o grito de gratidão pelo prazer—“Esta afinal é minha carne!”—passou a ser algo acerca do que a alma precisava se dês-culpar...e se ter muita parcimônia.
Assim a vida humana é culpa...
Culpa de ter nascido...
Culpa de gostar do que se diz que não se deve gostar...
Culpa de amar a quem está proibido...
Culpa de ser amado e não corresponder...
Culpa por não se fazer amar...
Culpa por não ter conseguido chamar de amor àquilo que um dia se pensou que era...
Culpa de não ser compreendido...
Culpa de ter gerado filhos...e não conseguir controlar os seus destinos...
Culpa de possuir...
Culpa por não conseguir possuir...
Culpa de não ter sucesso...
Culpa de ter sucesso...
Culpa de se ser feliz...
Culpa de ser infeliz...
Culpa de não alcançar as expectativas projetadas...
Culpa da honra, da desonra, da cobiça, do poder, da fraqueza, do desejo, da inapetência, do orgulho, da cobiça, da falência, culpa...de ser.
É da culpa que vem todo o resto...vergonha, medo, fuga e, sobretudo, o medo-fobia da morte.
Culpa e Medo são a antítese de Graça e Paz!
A psicanálise pode ajudar muito no problema da culpa, identificando-a como neurose e ajudando o indivíduo a diminuir a carga de seu existir...
Mas somente quando se toma consciência de que Jesus se fez pecado, culpa e vergonha por nós...é que se está no caminho da libertação da culpa...a fim de que se vá aprendendo a viver sem ela...até que se entre na Paz.
A psicanálise faz o melhor caminho que a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal pode fazer com os recursos que a ela estão disponíveis no Éden...
Digo, quase todos os recursos, pois há um, o único, que a psicanálise não pode ainda perceber...ou o percebe...mas o simboliza demais, esvaziando assim o seu poder real e eficaz.
No Éden Deus cobriu o homem e a mulher com vestes de pele de um animal...roupas de sangue...sangue de outrem.
Freud não era o segundo Adão!
Somente no Segundo Adão, e em Sua obra Consumada aos olhos do Criador—quando se fez pecado por nós—, é que a culpa pode cessar por completo.
Somente quem crê que Deus aceitou como Consumado tudo o que o homem devia a Ele; e crê que o Primeiro Crente é Deus, pois Ele creu no Sacrifício de Cristo; e crê que se Deus Aceitou a Cristo, então quem o aceita, aceita aquilo e Aquele que por Deus foi aceito no lugar de todos os homens—Sim, somente este ser humano vai começar a entrar na Paz!
Aos olhos de Deus o pecado foi aniquilado na Cruz, conforme a Epístola aos Hebreus.
Os pecados que faziam separação entre nós e Deus foram de todo removidos.
Por isto, todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.
Ora, essa salvação não é apenas um passaporte para a eternidade. Ela é sobretudo uma certidão de libertação da culpa, da vergonha e do medo...inclusive o medo da morte.
É sem culpa que nós temos que tratar dos nossos pecados. Pois com culpa apenas os aumentaremos e os fixaremos mais profundamente em nós...como “pecados próprios”.
Eu preciso não ter pecado para começar a pecar cada vez menos!
Somente aquele para quem toda condenação já foi cancelada é que pode começar a andar de modo a não se condenar tanto...e assim, pecar menos, pois a condenação apenas nos faz pecar mais e mais...
Santidade é o estado de todo pecador que vive sem culpa, por que creu na Graça que é maior que a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.
Esses, os que assim creram, desistiram da tal Árvore exatamente no momento em que admitiram que a salvação é pela fé.
Inverte-se a ordem gnóstica.
Não é o Conhecimento que gera a Fé. É a Fé que gera um Conhecimento em Fé, que é um Conhecimento que se assume como Fé na Graça, e que se entende como sendo também Graça...e não auto-desenvolvimento.
Aqui está a esperança para se crescer para além de todas as neuroses...embora este seja um caminho estreito...e poucos acertam com ele.
Ele é estreito para o Conhecimento, mas é tão largo quanto a Fé; isto para quem crê!
Quem crê não será confundido...nunca mais!

Caio

2003



quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quem disse que crente não pode tirar uma onda?








Gente de verdade é assim! Brinca, tira onda nos momentos de formalismo desnecessário, apronta na hora da fotografia... Por que? É feliz! Tá cheio de alegria em Cristo, sabe que não há mérito em si próprio e nem virtude no farisaísmo... Tem dimensão da sua dependência em Cristo, sabe que não se deve levar em tão grande conta, entrar na onda das ovelhas adoradoras de super pastores ungidos, pois orgulho e hipocrisia é coisa que Deus não curte mesmo!

Jesus foi super informal, quebrou os protocolos e as regras e usou e abusou do humor e da santa ironia em suas parábolas e comparações... E olha que Ele estava cá para morrer na Cruz! Já por este tempo, tem muito crente que não esboça um sorriso, pois o fim do mundo está às portas, o inferno está fumegando e a sua própria salvação depende de formalidade santa, pontualidade britânica no relógio de ponto das boas obras dos usos e costumes, da foleirice do comportamento monástico - só para pastor ver - e das regrinhas cheias de rigor ascético!

Vai dai, Mark Denver,  da Igreja Batista de Capitol Hill, apologista renomado, pode fazer um "practical joke" com o mundialmente famoso pastor batista reformado John Piper (do Desiring God Ministries e da Bethlehem Church de Mineápolis)  e tá tudo lindo! São duas feras que estão além da mediocridade do bom-mocismo falso de muito pastor medalhado que eu conheço...

Sim! Tá cheio de super pastor famoso, semideus apostólico que é mais sério do que coveiro em dia de finados e, cuja especialidade é esta mesmo... te enterrar no entulho do legalismo, matar a sua espontaneidade, soterrar a tua alegria (Para a vossa tristeza!) e depois te "vender" "uma" salvação por mil reais! Afinal, crente para entrar no Céu tem de ter pastor "crentino", não ser dado a muita alegria, que isto é coisa de escarnecedor debochado herrege e coisa e talllll...

Passa amanhã, depois do Armagedon, ô fariseu!




Danilo viu a fotografia no Graça Plena
e comentou cá noGenizah


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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Profetas de Mamom







Este vídeo me foi dica no Presbítero Rangel. Em 9 (nove, risos) minutos podemos ver o desfilar dos profetas de Mamom. Não preciso comentar nada. Dedico o vídeo ás dezenas de comentaristas anônimos que se manifestam com "carinho" especial todas as semanas aqui neste blog e, que por razões de ordem moral estou impedido de publicar todos os seus "edificantes" comentários.

Saibam vocês, que recebo estes "afagos" na alegria de I Pedro 4:13-14 e, sem abrir mão da suprema glória de continuar a recebê-los, e não desejando provocar-lhes mais a ira no intuito de me ver alvo de mais “consolo”, mas tão somente despertar-lhes de sua morte, gostaria de convidá-los a assistir a este vídeo.

O mesmo pouco exibe de opinião e apresenta matérias editadas de declarações dos próprios "artistas" em diversos períodos / platéias diferentes. Ao cabo dos nove minutos, seria muito bom acolher os comentários de vocês e com isto liquidar logo esta fatura, para que fique a todos muito claro, se o caso é cegueira, burrice ou conluio no crime.

Ah! Os bons também podem comentar. Risos!


***
Postado por Danilo Fernandes.


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terça-feira, 17 de abril de 2012

Crise de identidade




                           


Por Eduardo Rosa

Não só indivíduos, mas também grupos humanos sofrem crises de identidade.
Nós, seres humanos, passamos por muitas crises. Mas são as crises de identidade que nos fazem experimentar um dos mais delicados momentos da nossa vida. Qualquer pessoa saudável emocional e existencialmente passa por uma crise de identidade, na qual a maneira como nos percebemos e somos percebidos sofre profundas alterações. As forças comuns propiciadoras do equilíbrio são abaladas; o chão nos foge dos pés; uma certa angústia vinda de um sentimento de vazio se instala; as respostas, as certezas, são engolidas pelas dúvidas; um flerte com a frustração, a tristeza e a depressão se mistura a um namoro com a esperança, o odor de novos ares, a silhueta de novos horizontes.
Os chineses têm razão quando escrevem a palavra crise com dois ideogramas, um representando “perigo”, e outro, “oportunidade”. São exatamente estas as duas sementes contidas numa crise de identidade: o perigo de nos perdermos e cristalizarmos quem somos, repetindo automaticamente erros, ou a oportunidade de nos reinventar, superar limitações, corrigir rumos, sair da periferia e vir para o centro. Este segundo processo é capaz de equilibrar tudo em nós e nos religar à nossa vocação mais original.
Não só as pessoas, mas também os grupos humanos sofrem crises de identidade. Quando olhamos para trás, vemos na história da Igreja momentos quando ela entrou em crise de identidade.  Somente para citar alguns exemplos, foi assim com o nascimento do monasticismo, no século 4; com a Reforma Protestante, em 1517; e com a eclosão do pentecostalismo, no início do século passado.
Todos esses e outros movimentos marcados simultaneamente pelo perigo e pela oportunidade tinham algo em comum: eles clamaram por um retorno à identidade essencial da Igreja. Queriam respostas a questões cruciais, como qual a razão de ser da Igreja? O que essencialmente é sua identidade? Para que existe? Em busca dessas respostas, confesso, um dia já cheguei a me perguntar se Jesus realmente quis a Igreja! Qualquer leitura rasa dos evangelhos vai nos mostrar que o centro da pregação, da vida, da morte e da ressurreição de Jesus foi o Reino de Deus. Ele nos ensinou a orar dizendo “venha o teu Reino” e não “a tua Igreja”. Será que Jesus sonhou o Reino e o que veio foi a Igreja?
A verdade é que Jesus também quis a Igreja. É claro que ele não idealizou prédios maravilhosos, líderes com habilidades gerenciais ou estruturas complexas consumidoras de recursos e energia na manutenção de programas que acontecem sem a necessidade de sua própria presença. Em seu projeto de Igreja, ele concebeu uma comunidade de discípulos que se reunia para adorá-lo e renovar as forças para viverem sua missão transformadora deste mundo. Esta é a conspiração divina iniciada por Jesus: discípulos cheios do Espírito Santo, imersos nas dores deste mundo, sendo instrumentos da concretização do Reino de Deus. Esta é a identidade original da igreja; é para isso que ela existe.
Mas o que aconteceu com este sonho? Uma autêntica busca de resposta a esta pergunta vai nos levar, como Igreja, a uma saudável crise de identidade. Muitas vezes, a resposta do que somos está no passado – daí a necessidade de fazer os retornos necessários. Porém, existimos no presente caminhando para o futuro, e precisamos fazer as atualizações necessárias. O caminho de retorno ao ideal perdido do Corpo de Cristo nos exige, em primeiro lugar, uma redefinição da Igreja como uma comunidade relacional e geradora de autênticos discípulos. A Igreja precisa ser um centro de formação espiritual que irradia a vida do Reino de Deus para o mundo. Por outro lado, é fundamental redefinir o que é o discipulado: um processo de formação espiritual que nos convida a ser uma encarnação histórica desse Reino. Falar de formação espiritual é falar de impactar e mudar o mundo, e não estabelecer métodos e programas eclesiásticos para o crescimento das igrejas.
Por último, o papel pastoral precisa ser necessariamente revisto. Na solução de sua crise de identidade, a Igreja deve superar essa dinâmica pedagógica passiva na qual se vai à igreja para ouvir, e não para ser desafiado a viver. Para que voltemos a ser Igreja, precisamos de pessoas comprometidas com Deus em se tornarem pais, mães, mentores espirituais e agentes de formação cristã, amando mais os indivíduos do que as multidões – embora estas sejam resultado abençoado do investimento em pessoas –, e que, consequentemente, recusem-se a ser meros animadores de auditório ou líderes gerenciais de grandes projetos.
Que uma santa crise de identidade venha sobre todos nós, fazendo-nos protagonistas de um retorno ao sonho original de Reino de Deus que transforme nossas igrejas em centros de formação espiritual.

Disponível em: http://www.cristianismohoje.com.br

Bem-aventurados os perseguidos




Julio Zamparetti Fernandes


“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5:10-12).

INFELIZES OS PERSEGUIDOS

A princípio cabe-nos entender que as perseguições não nos fazem bem-aventurados, mas bem-aventurados somos quando as bem-aventuranças são a razão de sermos perseguidos. Portanto, não é qualquer perseguição que denota nossa bem-aventurança. Muitas perseguições denotam apenas nosso infeliz proceder. Não é feliz quem é perseguido por praticar injustiças. Não é bem-aventurado quem é perseguido por amar conchavos políticos. Não é alegre de espírito quem é perseguido por causa de má conduta, nem tem do que se gloriar quem é perseguido por não respeitar as diferenças.


FELIZES OS PERSEGUIDOS

Felizes quando somos perseguidos por não agir por conveniência. Num mundo de tanto jogo de interesses, os princípios da honestidade e caráter têm sido subjugados e renegados a segundo, terceiro, último, ou mesmo fora de plano por aqueles que acham que o importante é se dar bem, julgando por certo o que lhe seja conveniente. Quem assim procede pode até pensar que é feliz, mas como pode ser feliz quem nem sequer é alguma coisa? Quem age por conveniência não tem caráter, não tem opinião própria, não é nada além de uma folha seca ao vento, não passa de um infeliz. Quanto aos que se expõem, se impõem e se põem contra as injustiças praticadas pelos poderosos, serão perseguidos, atribulados, atormentados, mas serão felizes, pois não passarão pela vida sem que nela tenham feito diferença deixando a sua contribuição e legado.

Felizes quando somos perseguidos por não trairmos a consciência. Quem trai sua consciência, trai a Deus duas vezes, pois trai a consciência que por Deus lhe foi dada, e trai a Deus que lhe fez consciente. Deus não nos impõe idéias, nem nos obriga a nada. Ele nos atrai ao seu convívio, nos ensina seu caminho e, se houvermos aprendido, o seguiremos por convicção.

Felizes quando somos perseguidos por lutar por igualdade e justiça social. Cristo humilhou a si mesmo, viveu entre os excluídos, identificou-se com eles, morreu como bandido, fez-se igual ao mais sofrido. Por que haveríamos de nos achar superiores? Somos todos iguais, diferidos tão somente pelas circunstâncias, que se fossem inversas seríamos nós no lugar daqueles a quem excluímos. Por mais sofrido que seja o nosso semelhante, ainda é semelhante a nós.

Felizes quando somos perseguidos por defender os mais fracos. Defender o semelhante mais fraco é defender a nós mesmos que somos todos semelhantemente fracos. Ninguém vive numa ilha para pensar que o problema do fraco não é seu problema. Quando se vive em sociedade, a fraqueza de qualquer cidadão é uma fraqueza social, e uma fraqueza social é uma fraqueza de todo cidadão. Portanto, defender os mais fracos é fortalecer a sociedade e beneficiar a todo cidadão. Feliz quem entende isso e por isso trabalha. É bem-aventurado, ainda que sua bem-aventurança gere o descontentamento e desencadeie a perseguição daqueles que enriquecem às custas da exploração dos mais fracos.


INFELIZES OS NÃO PERSEGUIDOS
Infeliz daquele que não é perseguido pela própria consciência ao explorar a fé dos indoutos condicionando a ação de Deus aos lenços, toalhinhas, fitinhas, castiçais, sais ungidos e ofertas de sacrifício.

Infeliz daquele que não é perseguido pela própria consciência ao explorar o empregado, não ajudar o pobre, não se compadecer do sofredor.

Infeliz daquele que não é perseguido pela própria consciência ao buscar lucros ilícitos, tirar vantagens sobre o sofrimento alheio e se promover na desgraça dos outros.

Infelizes somos nós quando nossa consciência se cauteriza de forma a não sentirmos mais a dor da mazela humana, nem sofrermos com quem sofre.




Blog de Julio Zamparetti Fernandes divulgação Genizah 


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sexta-feira, 13 de abril de 2012

O melhor de Deus ainda está por vir?





 
Por Milton Jr.

A frase virou mesmo um chavão e está constantemente na boca de vários irmãos. Diante dos problemas e adversidades, a palavra de “consolo” é: “Não se preocupe, o melhor de Deus para a sua vida está por vir”. O que se quer dizer com isso é que por mais que a vida tenha lá suas adversidades e problemas, aquele que sofre pode estar descansado, pois haverá um dia em que as lutas cessarão, não haverá mais pranto e nem dor.
Conquanto seja isso verdadeiro e prometido na Escritura, que afirma que o Senhor enxugará dos olhos toda lágrima (Ap 21.4), é preciso analisar o que de fato se deseja ao dizer que “o melhor de Deus está por vir”.

Se com essa frase os crentes estivessem almejando estar de uma vez por todas na presença física do Senhor Jesus, ela ganharia um belo sentido, porém, ao observar que ela é dita geralmente em momentos de dificuldades, fica evidente que “o melhor de Deus” que é esperado é simplesmente a ausência das tribulações. Nesse caso, perde-se a perspectiva de que o melhor de Deus já veio quando ele enviou seu Filho ao mundo (Jo 3.16) em semelhança de homens (Fp 2.7) para justifica-los pela fé e conceder a eles paz com Deus (Rm 5.1).

Quando o Senhor Jesus afirmou a seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo 14.27), ele falava sobre a reconciliação com Deus, não sobre a ausência de problemas. Se assim não fosse, os discípulos não teriam ouvido dele que no mundo teriam aflições (Jo 16.33). A despeito disso ele ordena aos discípulos ter bom ânimo, o que demonstra que o consolo não estava em esperar a cessação das aflições, mas na certeza de que aquele que venceu o mundo estaria com eles todos os dias, inclusive em meio às dificuldades, até a consumação dos séculos (Mt 28.20).

Era a certeza de que Jesus era o melhor de Deus e, portanto, suficiente para a sua vida que levava Paulo a declarar: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.11-13). Sua alegria não dependia das circunstâncias, mas de estar na presença do Senhor Jesus. Por isso mesmo ele também podia dizer que viver para ele era Cristo, e morrer, lucro, pois sabia que estar com Cristo é incomparavelmente melhor (cf. Fp 1.21,23).

Saber que o melhor de Deus para nós, Cristo Jesus, já veio deve nos levar ao entendimento de que até as tribulações e aflições não fogem a seu controle, antes, são usadas pelo Senhor para nos tornar cada dia mais parecidos com o nosso Redentor. Isso nos leva também a colocar em prática as palavras de Tiago, que diz que devemos ter como motivo de muita alegria o passar por várias provações, entendendo que a finalidade da provação é produzir a esperança, que cumpre o seu papel ao nos tornar perfeitos, íntegros e em nada deficientes (Tg 1.2-4).

Como já foi afirmado, uma vida sem aflições, sem pranto e nem choro é prometida por Deus para aqueles que são de Jesus. Porém, querer estar com Jesus não por quem ele é, mas por aquilo que ele nos concede e concederá é uma atitude idólatra, que revela que amamos mais a bênção concedida do que aquele que nos abençoa.

O melhor de Deus já veio, Cristo Jesus, e se buscarmos nele alegria e satisfação viveremos também contentes, em toda e qualquer situação.

Publicado em E a bíblia com isto?
Genizah


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quinta-feira, 12 de abril de 2012

O aeroclube evangélico ganha mais um membro ungido






Não é um brevê de ouro e nem uma máquina de se fazer grande inveja, como as do Macedo, Valdemiro, Silas Malafaia e RR Soares.


Tá no segundo time, junto com Samuel Câmara e Renê Terra Nova.

O mais novo alado do pedaço é Estevam Hernandes. 

Tava demorando! Tá certo que a Renascer está em processo de falência e mais parece um balão furado... Contudo, parece que ainda tem muita gente por lá disposta a bancar os líderes da organização criminosa ( palavras do Ministério Público).

No ano  passado, nesta mesma época, toda a família Hernandes ganhou carro novo em ofertas milagrosas. Este ano, saiu o mais novo brinquedo apostólico: Um jatinho para tripulação e mais sete passageiros, USADO, comprado para, segundo o próprio Estevam Hernandes, que andou tirando onda com seu brinquedo em aeroporto da capital paulista estes dias " me ajudar a administrar nossas fazendas".


Foi baratinho. Tipo 6 milhões. Ou seja, metade do preço do jato do Malafaia e 1/50 do valor da frota do Edir Macedo... Mas ele chega lá, risos.

Hernandes já teve um helicoptero em sociedade com o RR, mas este caiu há alguns anos (em um escãndalo bem abafado, mas isto é outra história). Agora, contudo, ele é um apóstolo completo: mega igreja, briba própria, casado com bispa, pai de bispinha e avião.




Os X9s do Genizah, que não dão trégua aos falsos profetas e já deram diversos furos aeroviários estão de olho agora nas marinas da costa brasileira. Os nossos leitores precisam saber dos iates que os nossos "super pastores" andam comprando. Depois eu conto, se não me matarem antes, risos.

Como costuma dizer um amigo católico, que adora me dar estas notícias tristes: "depois dizem que é vigário que aplica conto".

Alô Ministério Público!


Genizah


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John Piper – Por Que Deus Deixou Paulo se Tornar um Assassino?


Nós sabemos que antes de Paulo nascer, Deus já o tinha separado para seu apostolado.
Ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse aos gentios. (Gálatas 1:15-16).
E nós sabemos que Paulo se tornou um odiador de cristãos (Atos 9:1), perseguidor de cristãos (Atos 9:5), zeloso (Filipenses 3:6; Gálatas 1:14) antes de se converter. Para todo o sempre ele chamaria a si mesmo de “o principal dos pecadores” por causa desses dias perversos (1 Timóteo 1:15; 1 Coríntios 15:9).
Nós também sabemos que Deus invadiu a vida de Paulo dramaticamente e decisivamente para trazê-lo à fé (Atos 9:3-19). O que significa que ele poderia ter planejado o encontro na estrada para Damasco antes que Paulo aprisionasse e assassinasse cristãos. Mas ele não fez assim.
Seu propósito, portanto, era permitir que Paulo se tornasse “o principal dos pecadores”, e então, salvá-lo, e transformá-lo no apóstolo que escreveria treze livros do Novo Testamento.
Por quê? Por que fazer desta maneira? Por que escolhê-lo antes do nascimento para ser um apóstolo? E depois deixá-lo afundar em oposição perversa e violenta contra Cristo? E depois salvá-lo dramaticamente e decisivamente na estrada para Damasco? Por quê?
Eis aqui seis razões. As duas primeiras são explícitas no texto bíblico. As quatro últimas são claras inferências a partir das duas primeiras. Deus fez desta forma…
1. Para colocar a perfeita paciência de Cristo em evidência.
“Por esta mesma razão me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade.” (1 Timóteo 1:16).
2. Para encorajar aqueles que acham que são muito pecadores para ter esperança.
“Por esta mesma razão me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.” (1 Timóteo 1:16).
3. Para mostrar que Deus salva a endurecidos odiadores de Cristo, que até mesmo assassinou cristãos.
4. Para mostrar que Deus permite que seus tão amados eleitos afundem em perversidade flagrante.
5. Para mostrar que Deus pode fazer do principal dos pecadores, o principal dos missionários.
6. Para mostrar a uma igreja impotente, perseguida e marginalizada que ela pode triunfar pela conversão sobrenatural de seu mais poderoso adversário.
Por John Piper © Desiring God. Website: desiringGod.org
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
Disponível em: www.voltemosaoevangelho.com

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A curta viagem entre um cristão e um fariseu


                  

































Às vezes pensamos que o que separa um jovem cristão de um fariseu é uma grande distância. Quando eu era mais jovem, durante a revolução dos costumes ocorrida na década de 60, pensava que havia duas coisas que me separavam de um fariseu. A primeira era o próprio fato de eu ser jovem e liberado. A segunda, o fato de eu pertencer àquela geração que transtornou os costumes moralistas ensinados durante séculos. No entanto, mesmo antes de eu encontrar Jesus, lá mesmo onde eu estava, em meio aos hippies e liberados rapazes e moças daquela geração, a hipocrisia podia ser encontrada. Depois que me tornei cristão, logo percebi que o farisaísmo não tem idade: ele se esconde em qualquer lugar, e, muitas vezes, com mais facilidade ainda sob as vestimentas religiosas.
Jesus advertiu os seus discípulos de que a condenação do fariseu não tinha paralelo entre os demais pecadores daqueles dias. As prostitutas, os publicanos, os pervertidos e os demais párias daquela sociedade – com os quais Jesus estava em permanente contato – jamais receberam tão intensas ameaças de severo juízo quanto os fariseus. Com essa afirmação eu não estou dizendo que eles não eram também passíveis de juízo, pelos seus próprios pecados. O que estou dizendo é que para Jesus, os pecados deles eram pecados mais “verdadeiros”. Nem por isso eles deixaram de estar sob o crivo do juízo de Deus; porém, com muito menor rigor, nos graus da condenação, do que o que estava prometido para o falso religioso.
Jesus disse que “por fora” os fariseus eram perfeitos; todavia, o interior era um lixo. O Senhor disse que era como alguém que só lava o prato de comida por fora e que é capaz de comer no mesmo prato sujo, a vida toda (você pode se imaginar comendo no mesmo prato sujo a vida inteira? Você pode se imaginar bebendo água num copo sujo por toda a sua vida?). E ainda: que eles eram como sepulcros pintados de branco – mostrando beleza enquanto a podridão acontecia do “lado de dentro”. Isso significa que é bastante possível que as pessoas se escondam sob as vestes religiosas para mascararem seus reais valores interiores. Muita gente, e mesmo jovens, se esconde sob o disfarce religioso a fim de pecar com mais “segurança”.
Psicologicamente falando, esse fenômeno de se esconder embaixo das vestes religiosas para pecar com mais profundidade não é totalmente estranho. Aliás, o melhor lugar para esconder nossa própria maldade é a igreja. Nós que somos membros da igreja devemos sempre ter a coragem de perguntar o que significa nossa presença no ajuntamento do povo de Deus. Isso porque na igreja há sempre dois tipos de pessoas: aquelas que escondem sua própria maldade e dureza interior sob o disfarce da fé e da moralidade, e aquelas que se conhecem como pecadoras e que escondem a si mesmas sob o sangue de Jesus. O primeiro grupo esconde a sua maldade. O segundo grupo esconde a si mesmo enquanto confessa a sua própria culpa.
A questão é: como pode isso se desenvolver? Eu ouso afirmar que o problema está nos nossos padrões de espiritualidade, os quais muitas vezes são falsos. Por isso, quando alguém está tentado a pecar, está também, automaticamente, tentado a esconder sua tentação sob o disfarce do radicalismo comportamental. Dessa forma, quase sempre os cristãos, antes de caírem numa tentação, caem em uma outra: a tentação de aparentarem uma vida que está para além da possibilidade do pecado. Obviamente ninguém fica mais vulnerável ao pecado do que aquele que não admite sua própria vulnerabilidade.
Acontece que isso é um círculo vicioso. Primeiro, a pessoa é tentada. Depois ela sente a obrigação de mascarar essa realidade. Ora, quando isso acontece essa pessoa está se condicionando psicologicamente para se tornar um hipócrita.
E que é o hipócrita, senão aquele que não assume o que é e aquilo contra o que luta? E quem consegue viver a vida inteira escondendo de si mesmo e dos irmãos as suas fraquezas sem que, de um modo ou de outro, acabe caindo diante daquilo que ele nega como sendo sua própria sedução?  Daí, a inferência de que quanto mais “espiritual” for o ajuntamento cristão, mais propício ao pecado ele será. Justamente aqui nós estamos diante de um grande paradoxo cristão: bem-aventurados sejam os fracos, os mansos e aqueles que são capazes de chorar. Somente depois é que se fala dos limpos de coração. Só é limpo de coração quem limpa o coração diante de Deus e dos irmãos, mediante frequentes confissões de carência humana. Não existe tal pessoa limpa de coração que seja solitária e incapaz de constantes revisões de vida. Não existe ninguém permanentemente limpo de coração. Existem apenas aqueles que se deixam limpar mediante a confissão e a sinceridade de uma vida que não tem medo de ser suficientemente humana para confessar tendências em vez de assumir um outro lado de sua humanidade: o pervertido lado de sua humanidade-inumana, que prefere esconder tendências e viver pecados.
Quando esse tipo de comportamento se desenvolve, o que acontece é que a tendência da pessoa é assumir cada vez mais a “santidade” publicamente, a fim de compensar suas incoerências vividas nos bastidores. Daí que pessoalmente eu me impressiono muito mal com pessoas cuja ênfase na santidade me soe um tanto extravagante. Para mim, na maioria das vezes esse comportamento esconde um conflito interior justamente naquela área que se tornou um obsessivo discurso. Pessoas equilibradas tendem a falar de tudo, ao invés de se tornarem obcecadas por um discurso só. E mesmo quando alguém tem uma ênfase pessoal e particular na vida, se essa pessoa é saudável tal ênfase será vivida sem nenhum espírito de cobrança para com aqueles que não conseguem viver a vida com o mesmo peso, naquela área. Ora, tudo isso me leva a afirmar que muito daquilo que temos chamado de “consagração” na vida cristã possivelmente não passe de um atestado de nossa própria conflitividade não confessada e não assumida.
O que complica bastante a situação daquele que assim se comporta é o fato de que quando alguém vive com tal capacidade de se disfarçar, isso pode significar que ela está desenvolvendo uma profunda maldade em sua própria alma: a maldade de ser tão mal, que tenta enganar a todos sob a máscara da bondade. Vale lembrar que para Jesus esse era o mal maior na vida, o mal dos fariseus, o mal dos religiosos, o mal dos falsos profetas, daqueles que se mostram ovelhas mas que de fato são lobos.
Nós que somos pessoas da igreja precisamos urgentemente aprender que a maior mentira que se comete na vida não é aquela que se diz, mas aquela com a qual se vive. Precisamos recuperar o senso de “intimidade” e de “interioridade” das verdades do Evangelho. Temos que pedir a Deus que nos liberte das falsas e malignas noções de espiritualidade. É urgente que reassumamos nossa herança Reformada, a qual afirma nossa impossibilidade inerente para a bondade absoluta, e nos remete humildes e dependentes para a graça de Deus. Caso contrário, corremos o risco de nos tornarmos pessoas muito más. Aliás, a História está repleta de testemunhos dessa nossa capacidade de nos tornarmos mais maus do que os mais maus.
Este mal vem justamente da nossa relação com o Sagrado. Nada é mais intenso que aquilo que é divino. Quando alguém mantém uma sadia relação com o Sagrado, tal pessoa torna-se santa e bonita. De outro lado, quando a relação com o Sagrado acontece desde uma perspectiva de orgulho, autossuficiência e hipocrisia, então nada faz adoecer mais do que essa versão religiosa da maldade. Daí que Lúcifer tornou-se mau na exata proporção de sua anterior virtude. Assim, onde abundou a graça, superabundou o pecado. Nós temos afirmado esse princípio apenas na dimensão paulina: “onde abundou o pecado superabundou a graça”. Todavia, Pedro coloca a mesma verdade desde uma outra referência histórica: “o seu estado se torna pior do que primeiro”. Ou ainda: “melhor lhes fora jamais terem conhecido o caminho da verdade do que, após o terem conhecido, o abandonarem”.
Certa vez C. S. Lewis disse que o pior diabo é aquele que nós pensamos que não existe. Eu ouso, respeitosamente, contrariar esse que foi um dos maiores pensadores cristãos de todos os tempos, para dizer que, para mim, o pior diabo é aquele ao qual nós nos “acostumamos”. Isso porque quando alguém não sabe ou não crê que o diabo existe, está menos exposto à total força do diabo, pelo simples fato de “sinceramente” não crer ou não admitir a existência dele. Há um grande poder espiritual na verdade, mesmo que aquele que a demonstre seja um ateu. Todavia, quando alguém sabe que o mal existe como mal real e objetivo, mas a despeito disso vive em cínica indiferença para com esse poder, tal pessoa não se torna apenas vulnerável ao mal, mas se torna, ela mesma, parte da própria realidade do mal. Ninguém é mais maligno do que aquele que consegue se tornar indiferente ao poder do mal enquanto admite a sua existência. Gente assim vive uma espécie de “crente-descrença” no poder do mal. Ora, é simples inferir que é mais fácil achar gente assim domingo de manhã na igreja, do que num laboratório de ateus confessos. É mais fácil achar esses jovens cantando com as mãos levantadas num culto animado, do que nas praças. Aqueles que estão vivendo sua alienação de Deus e do diabo muitas vezes fazem isso em absoluta ignorância; mas muitos dos que lotam nossos templos cristãos e nossas reuniões são do tipo de gente que consegue “levantar as mãos ao Senhor” e depois, mesmo contra a Palavra do Senhor que eles conhecem, ser capaz de levar uma irmãzinha, companheira de louvor, “para a cama”.
Eu sei que para muita gente as afirmações que tenho feito podem soar excessivamente fortes. No entanto, não tenho o menor temor de estar equivocado a esse respeito. Tenho a própria história bíblica e a história da Igreja para confirmarem tais declarações. E além disso, é só olhar em volta para se constatar que há uma grande abundância de testemunhos contemporâneos corroborando o que estou dizendo.
Tudo o que eu disse até aqui tem a finalidade de estimular você, que deseja andar com Jesus, a coerentemente tomar a cruz e segui-lo. Não é fácil assumir as dores que vêm como resultado de uma vida sincera. É duro, o preço da verdade. Mas é a única forma de andar com Deus. É preciso ter “coragem de ser diferente”. Não diferente apenas mediante uma postura de “fachada”. É preciso ser diferente desde o coração. Só assim se edifica um “compromisso capaz de fazer diferença”.
Faz quinze anos que eu venho andando com Jesus e fazendo todo o possível para, no dia a dia, não me esquecer dessas verdades a respeito das quais acabei de escrever. Mas uma coisa tem me ajudado muito, nesses anos: a lembrança de que eu não tenho que ser, para ninguém, qualquer coisa além daquilo que Deus sabe que eu sou. Isso me ajuda a não ter medo de ser gente. Todavia, essa mesma verdade me ajuda a ser aquilo que, na graça de Deus, eu devo ser na minha “identificação gradual na História”. E quando me sinto tentado a pensar diferente, eu me lembro que os felizes, do ponto de vista de Jesus, são os que têm coragem de chorar, os mansos, os que têm fome e sede de justiça – ou seja, os que querem mais –, os misericordiosos, os que se purificam na graça de Deus, os que vivem para construir pontes entre os separados pelo ódio, e os que assumem a perseguição como o resultado mais natural da sua relação com Jesus, aquele que por viver tão diferentemente dos padrões vigentes, sofreu o preço de uma existência capaz de ser radicalmente relevante; aquele que mostrava seu brilho pessoal a poucos (transfiguração), mas que não teve vergonha de mostrar sua dor e verdade humanas a todos, na cruz.
Somente vivendo com essa compreensão evitaremos a terrível realidade de nos tornarmos hoje os fariseus que Jesus repudiou ontem. Como você viu, não há muita distância entre um jovem e um fariseu bem apessoado. Cabe a você jamais chegar lá.

Rev. Caio Fábio D’Araújo Filho
Contribuição de Jefferson Santos Soares e Néjea Madruga
*Texto publicado na revista do congresso Geração 90 (MPC) – Brasília, 1990.