segunda-feira, 23 de julho de 2012

Chesterton é pop: Do agnosticismo ao cristianismo


Chesterton é pop: Do agnosticismo ao cristianismo


Pensador que incentivou a Doutrina Social da Igreja vira ícone entre os jovens católicos e protestantes brasileiros que redescobrem a obra do grande intelectual cristão

Redação
Genizah

Para promover o intelectual cristão G. K. Chesterton (1874-1936), autor de oitenta obras, a Sociedade Chesterton Brasil (www.chestertonbrasil.org) empregou um método criativo: inspirados na cultura pop, estão comercializando camisetas com a imagem do pensador inglês produzidas ao estilo daquelas feitas com a célebre imagem do guerrilheiro e revolucionário Che Guevara. (uma cópia da camiseta foi idealizada pela American Chesterton Society). "O pouco conhecimento que temos deste autor tão importante provavelmente se dá pelas poucas traduções de suas obras para o português. Pensamos em torná-lo mais acessível usando as camisetas", conta o jovem bibliotecário, Diego da Silva, editor do site www.chestertonbrasil.org





Gilbert Keith Chesterton foi um agnóstico convertido ao cristianismo (catolicismo) e que deixou um legado que vem sendo recentemente descoberto por jovens cristãos no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

Distributismo

Chesterton foi um intelectual trafegando em um amplo espectro do saber humano. Literatura ficcional, teatro, teologia, filosofia, sociologia, história e economia. Juntamente com Hilaire Belloc, são os grandes expoentes da teoria econômica inspirada na Doutrina Social da Igreja - o Distributismo.

Distributismo, também conhecido como distribucionismo ou distributivismo é uma filosofia económica defendendo que a posse dos meios de produção deveria ser estar o mais amplamente distribuída entre todos os homens, ao contrário de estar centralizada no Estado (como no comunismo / capitalismo de Estado) ou concentrada em uma minoria de indivíduos (capitalismo liberal).

Distributismo, assim como a social democracia, é considerado uma terceira via da ordem económica, para além do capitalismo e socialismo. Nesse sistema, a maior parte das pessoas deveria conseguir sobreviver sem ter que contar com o uso da propriedades de outrem para fazê-lo. Alguns exemplos seriam agricultores que são donos de suas terras, mecánicos que possuem suas próprias ferramentas e equipamentos, desenvolvedores de software de posse de seus computadores e sistemas operacionais livres de copyrights , etc. Estas idéias se baseiam nos ensinamentos do Papa dos séculos XIX e XX, começando com o Rerum Novarum do Papa Leão XIII. Chesterton resumiu o sistema em uma frase famosa: "O problema do capitalismo é que não há capitalistas suficientes."

Para Davi Dias: "Toda a vida de Gilbert Keith Chesterton, um dos maiores e mais lidos apologistas cristãos do século XX, pode ser compreendida como a viagem de um homem que sai de um e volta ao mesmo lugar. Como o personagem do conto por ele redigido, Homesick at home, que percorre todo o mundo tentando voltar para casa, ponto de partida da viagem, foi preciso que Chesterton vivesse longos anos de inquietações espirituais para finalmente encontrar a verdade." Cherterton encontra  no cristianismo as respostas para os dilemas e paradoxos da vida.

Chesterton não é popular somente entre os católicos. Os protestantes também são grandes admiradores deste gênio. "Ortodoxia", seu livro mais famoso, ganhou nova edição comemorativa em 2009 pela Mundo Cristão. Trata-se de um clássico da defesa da fé cristã.

Ortodoxia

Ortodoxia é o resumo da filosofia de Chesterton e sua obra prima. Inicialmente, o livro seria uma continuação de sua obra anterior,  Heretics, onde Cherterton pretendia dar uma resposta a um ensaio de Blatchford, um crítico e desafeto, e que terminou evoluindo para uma espécie de autobiografia espiritual retratando os questionamentos fundamentais da fé cristã e da existência humana - o percurso do próprio Chesterton do agnosticismo ao cristianismo. O próprio apresenta assim a sua obra: Tentei criar uma nova heresia; mas, quando já lhe aplicava os últimos remates, descobri que era apenas a ortodoxia."

“Eu recomendo fortemente. Ortodoxia é um dos livros mais inteligentes que tive o prazer de ler. Leitura fundamental para qualquer cristão com pretenções intelectuais. De fato, não conheço outra mente à altura de Chesterton nos últimos cinco séculos. Chesterton é o pé na porta de Nietzsche, do racionalismo e do o cientificismo reducionista e determinista. Ele foi um farol intelectual na sombra da virada do século IXX para o XX que queria obscurecer a cosmovisão cristã. ”, opina Danilo Fernandes editor do site Genizah.


Chesterton x Blachford: A irracionalidade do racionalismo
No vídeo a seguir, os criadores produziram em animação um fantástico debate Chesterton versus Blatchford sobre a irracionalidade do racionalismo. Este debate nunca ocorreu desta forma, frente-a-frente, no melhor estilo tribunal,mas travado através de artigos em jornais e revistas onde o valoroso G.K. combateu os detratores da fé cristã.






O vídeo é ótimo, pois dá linearidade e súmula ao debate que os dois autores travaram em livros, jornais e revistas, bem como, oferece um bom resumo do campo da apologética cristã em suas questões mais fundamentais e para além das múltiplas confissões de fé cristã. 


 O Padre Brown

Chesterton foi um gênio da literatura e a sua vasta obra também inclui a fantástica série, pouco conhecida no Brasil, das aventuras do impagável Father Brown (Padre Browm), um personagem sempre envolvido em estórias de mistério / suspense.

Brown é um padre dotado de impressionante sagacidade e profundo conhecimento da alma humana pecadora. G.K. Chesterton publicou 52 contos em jornais ingleses e que depois foram reunidos em cinco livros. Os contos lembram o estilo “Sherlock Holmes”, só que muito melhores, ao menos para os interessados em teologia, filosofia e no conhecimento da natureza humana. 


A narrativa é inteligentíssima. Já os métodos do Padre Brown para desvendar os crimes em suas estórias se diferenciam do famoso detetive Sherlock Holmes ao tenderem mais para p intuitivo do que para o dedutivo. No livro 'O Segredo do Padre Brown ", o próprio padre explica o seu método:

"Veja você, meu camarada, eu assassinei a todos, eu mesmo [...] Planejei cada um dos crimes com muito cuidado. E pensei como cada coisa poderia ser feita, e no estado de espírito que um homem deveria estar para, efetivamente, ser capaz de cometer tais atos. E quando eu tive a certeza de que me sentia exatamente como o assassino, é claro que eu sabia quem ele era."

O personagem embora ficcional, tem muitos traços baseados no padre que evangelizou (*1) Chesterton - John O'Connor (1870–1952) - e, como as habilidades investigativas do Padre Brown estão muito ligadas à sua experiência como religioso e confessor as narrativas se tornam ainda mais interessantes aos cristãos e interessados em religião. 

“Isto sem contar próprio aspecto inusitado de um personagem envolvido em contos policiais que se apresenta como um exemplo de clérigo cristão: absolutamente humilde, educado, piedoso, alegre, generoso, bom, manso, temperante e firme”. Provavelmente, um reflexo do pensamento neo-escolástico de Chesterton .”Por fim, a cosmovisão cristã de Brown ao vislumbrar os crimes que desvenda são o melhor de tudo.”, completa Fernandes.

OS livros da série Father Brow são facilmente encontrados em inglês. Alguns foram publicados em português no passado, mas estão em geral esgotados. Acha-se em sebos e em sites de leilão na internet. 

Quem se interessar em conhecer mais sobre G.K. Cherterton também pode seguir o seu perfil “tributo” em português no twitter: https://twitter.com/Chesterton_GK Recomendadíssimo! G.K. foi um frasista genial e o perfil publica citações em português.




(*1) Nascido de família anglicana, mais tarde converteu-se ao catolicismo em 1922 também por  influência do escritor católico Hilaire Belloc, com quem desde 1900 manteve uma amizade muito próxima.






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