Este blog já disse que não tem muito interesse no que Silas Malafaia fala, mas não se nega a aproveitar suas pérolas para extrair algum ensinamento que faça os irmãos exercerem um dos dons mais preciosos que Deus lhes deu: pensar.
Por isso, pega apenas um trecho da entrevista que ele deu ao blog de Sidney Rezende, da Globo News (vídeo abaixo, leia e veja na íntegra lá no SRZD), quando diz que "a Bíblia só funciona onde você acredita" (1min38s do vídeo), para reforçar uma tese que já foi desenvolvida aqui no texto "Uri Geller e o evangelho torto", ao qual remeto o leitor interessado em se aprofundar no tema, mas por ora basta ressaltar - mais uma vez - o utilitarismo que invadiu a igreja evangélica brasileira, que de "evangelho" propriamente dito pouco tem atualmente.
Funciona hoje a lógica do "funciona!", com o perdão da redundância, ou seja, algo só é válido (e útil) na Bíblia e na prática cristã se apresentar resultados mensuráveis material e financeiramente. Aí o crente diz: "isto foi útil pra mim, então eu o recebo!" Diga-se de passagem que a igreja universal foi pioneira nesta pregação, e lamentavelmente parece que ela "pegou" mesmo naqueles que antigamente a criticavam, como foi um dia o caso do Malafaia. O que não deixa de ser uma sandice, pois se alguém não crê em Jesus nem na Bíblia, ela não vai "funcionar" para ele, e este mal funcionamento "funciona" para a sua falta de fé.
Contraditório, não é?
Mas este raciocínio contrário (a contrariu sensu) se encaixa perfeitamente bem na pregação utilitária. Além disso, você pode fracionar os mandamentos, as promessas e as condenações da Bíblia e distribuí-los em prateleiras da "fé", escolhendo crer só naquilo que você quer que "funcione" pra você. Garanto que a gôndola das condenações - que não são úteis ao crente carnal - vai continuar lotada...
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